Reeducandos
que deveriam estar em regime semiaberto, mas que continuam cumprindo
pena no regime fechado; celas superlotadas, algumas sem colchões; falta
de trabalho e de medicamentos. Esses são alguns dos problemas
encontrados pelo Ministério Público do Estado do Acre (MP/AC) nas
vistorias feitas nos presídios em Rio Branco.
Nesta
terça-feira (2), a promotora Laura Cristina Braz (Vara de Execuções
Penais) e o promotor Glaucio Ney Shiroma Oshiro (Promotoria da
Saúde)reuniram-se com representantes do Instituto de Administração
Penitenciária (Iapen) e das secretarias municipal e estadual de Saúde
para discutir formas de melhorar o atendimento de saúde nas unidades
prisionais.
O
encontro aconteceu na sede do MP/AC com a presença do
diretor-presidente do Iapen, Dirceu Pereira, e da secretária municipal
de Saúde, Marcilene Alexandrina Chaves, além de profissionais que atuam
na assistência farmacêutica. “Nós estamos reunidos para encontrar uma
forma de melhorar o atendimento de saúde no sistema prisional”, disse a
promotora Laura Cristina Braz.
No
Complexo Penitenciário Francisco de Oliveira Conde, as reclamações
sobre os problemas de assistência médica são frequentes, apesar de haver
atendimento médico e odontológico cinco vezes por semana.
Grande
insatisfação dos detentos é com a falta de medicamentos, alguns da
lista básica, que dificulta o tratamento de presos doentes. “A nossa
grande dificuldade hoje é o preso ser atendido pelo médico e receber
logo a medicação para iniciar o tratamento”, admitiu a gerente de
Reintegração Social e Saúde do Iapen, Madalena Ferreira.
Para
garantir a medicação aos presos, funcionários do Iapen percorrem os
postos de saúde com a receita médica. Isso é feito dois dias na semana.
Um posto de distribuição poderia ser montado no complexo prisional, mas a
Prefeitura de Rio Branco alega que a medida depende da contratação de
um farmacêutico para trabalhar em tempo integral, além de outros
profissionais de enfermagem, e que não existem recursos para atender
essa demanda.
A
secretária municipal de Saúde Marcilene Alexandrina Chaves revelou que a
prefeitura gasta R$ 7 milhões por ano com aquisição de medicamentos. Os
gastos com saúde são calculados de acordo com o número de habitantes,
mas no caso em questão, os recursos estão sendo utilizados para atender
outros municípios, já que os medicamentos são enviados para as unidades
de Cruzeiro do Sul, Senador Guiomard, Sena Madureira e Tarauacá. “O
Estado não repassa recursos para essa finalidade, mas os medicamentos
estão sendo fornecidos para presos de todo o estado”, afirma.
O
promotor Glaucio Oshiro mostrou-se preocupado com a situação e declarou
que é preciso “criar um fluxo de atendimento para garantir que os
serviços oferecidos aos detentos sejam melhores”.
O
atendimento deficiente também é resultado da falta de tratamento
diretamente observado, atualmente só dispensando às mulheres. Sem
profissionais suficientes, não é possível saber se os presos estão
tomando a medicação de forma correta. Alguns se negam a se submeter ao
tratamento como pretexto para serem conduzidos para atendimento fora da
unidade. “É um problema delicado que envolve também questões de
segurança, mas vamos estudar o problema e tentar encontrar uma solução”,
declarou o diretor-presidente do Iapen, Dirceu Pereira.
Ações de saúde no sistema penitenciário devem ser compartilhadas
Uma
portaria conjunta do Ministério da Saúde e do Ministério da
Justiça,editada em 2003, criou o Plano Nacional de Saúde no Sistema
Penitenciário e estabeleceu que o financiamento das ações de saúde nas
unidades prisionais deve ser compartilhado entre os órgãos da saúde e da
justiça das esferas de governo. O objetivo é garantir ações e serviços
que promovam a saúde da população carcerária.
Em
unidades prisionais com o número acima de 100 pessoas presas, deveriam
ser implantadas equipes de saúde, considerando uma equipe para até 500
presos, com incentivo correspondente a R$ 40 mil por ano por equipe de
saúde implantada.No Acre, só existe uma para uma população carcerária
com 2.700 pessoas.
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