Uma pesquisadora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) está realizando em indígenas do Acre exames para identificar o percentual de uma bactéria resistente a antibióticos que pode provocar doenças graves. Trata-se da MRSA, um tipo de Staphylococcus aureus que já foi mais comum em ambiente hospitalar e atualmente se encontra em toda população, apresentando-se em maior percentual nas populações indígenas. A presença desses microorganismos é identificada através da análise de material colhido na mucosa nasal e garganta. Segundo a pesquisadora Lígia Abrão, a MRSA está presente em 30% da população, porém a variante da bactéria resistente às drogas mais usadas é encontrada em 0,8% da comunidade. “Essa bactéria está relacionada com infecção de pele, pneumonia necrotizante que é um quadro mais grave do que o normal, intoxicação alimentar e a síndrome do choque tóxico que é a nível sistêmico. O nosso objetivo é identificar onde essas bactérias estão, como têm se comportado e em que tipo de população está instalada. Com essas informações, quando o indivíduo infectado entrar no ambiente hospitalar vai receber de imediato a medicação adequada evitando a evolução para um quadro mais grave e a disseminação”, explica. Ligia Abrão que também é enfermeira explica que os homossexuais, diabéticos, presidiários, indígenas e outras pessoas que vivem em ambientes aglomerados fazem parte do grupo de risco. “Os indígenas têm uma pré-disposição maior por tomar muito banho, apresentam uma característica de infecção de pele devido às substâncias usadas na pintura e contam com condições de saúde mais precárias. Constatada a presença desse microorganismo, a gente fornece o tratamento e todas as informações colhidas serão utilizadas para nortear o tipo de estrutura de saúde que deve ser oferecida aos indígenas”, relata. O tema faz parte da tese de doutorado em doenças tropicais da pesquisadora. Ela conta com o apoio do laboratório do Campus da Universidade Federal do Acre (Ufac) em Cruzeiro do sul e do pesquisador e professor, Rodrigo Medeiros. As análises colhidas em indígenas dos municípios de Mâncio Lima e Feijó serão analisadas em Botucatu (SP). fonte g1