Em protesto pelo despejo de 15 famílias e a previsão de que o mesmo ocorra com outras 145 em uma área na estrada Aquiles Peret, em rio branco, manifestantes fecharam uma das rotatórias da Avenida Antônio da Rocha Viana, próximo a entrada do bairro Tancredo Neves. O protesto começou por volta de meio dia. As famílias foram despejadas em cumprimento a um mandado de reintegração de posse impetrado pelos donos de uma chácara localizada entre os bairros Jorge Lavocat e Caladinho. As famílias começaram a ocupar a área em abril de 2013 e desde então, sofrem com a constante ameaça de serem despejadas. A dona de casa Jomara Pinheiro, de 35 anos, conta que em julho do ano passado participou de uma audiência de conciliação no 1º Juizado Especial Criminal de Rio Branco e que por falta de documentação o Ministério Público do Acre (MP-AC) opinou pelo arquivamento do caso. "O único documento que ele tinha era um comprovante de compra e venda sem carimbo e o juiz não aceitou como sendo prova. Como é que agora diz que vai chegar uma liminar para tirar a gente de uma terra que ele não é dono", questiona. jomara vive na terra com quatro filhos e diz que se for expulsa não terá onde morar. "Vou ficar no meio da rua, porque eu não tenho para onde ir. Antes de entrar lá, procurei uma assistente social para me ajudar, mas ela disse que não podia fazer nada por mim. Nós não roubamos nada de ninguém, nada mesmo, o terreno estava lá abandonado e se nós entramos é porque nós precisamos", argumenta. De acordo com o major do 5º Batalhão da Polícia Militar, Edener Franco, o mandado já era para ter sido cumprido anteriormente. "Em virtude da demanda da Operação Papai Noel e outras demandas que ocorreram no fim do ano, não foi possível cumprir antes, mas agora nós estamos cumprindo no começo do ano e têm outras reintegrações de posse a serem cumpridas nessa região", explica
A doméstica Maria José Feitosa, de 36 anos, conta que em 2010 ficou esperançosa ao ser contemplada em um programa social para receber uma casa e sair do aluguel.
Aproximadamente três anos depois, ainda sem ter conseguido fazer a mudança, ela resolveu ocupar uma área de terra em Rio Branco. "É muito difícil a gente construir e depois ter que voltar para o aluguel. Agora pior é ter que esperar essa casa do governo sair", lamenta.
Já a aposentada Zilene Cabral de Oliveira, de 47 anos, diz viver uma situação ainda mais crítica. Ela e o marido não trabalham por problemas de saúde, na casa dela há ainda um filho pequeno e o pai dela, que têm problemas de visão e locomoção.
"Antes de irmos para lá nós morávamos de aluguel aí fizemos essa casinha e hoje se eles chegarem e derrubarem, a gente não tem onde morar. Eu sou doente, meu esposo é doente não aguenta mais trabalhar, aí fica difícil. Estou pensando o que vai ser da gente se eles entrarem lá e derrubarem tudo", reflete.