Uma mulher de 42 anos, vítima de tortura e estupro, está sem assistência psicológica e é obrigada a fazer hemodiálise regularmente, depois que teve os rins comprometidos pela imprudência de um enfermeiro da Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco.
O drama da vítima, cujo nome será preservado começou no último dia 20 de maio, no Bairro Calafate.
Vítima relatou drama vivido após agressões severas e descaso das autoridades públicas
Era 5 da manhã. Ela esperava um ônibus que a levaria ao Terminal Urbano de Rio Branco e, em seguida, ao Presídio Francisco de Oliveira Conde. O objetivo: visitar o marido que aguarda julgamento sob acusação de estuprar uma criança de 3 anos.
Ainda no ponto de ônibus, próximo de casa, eis que surge uma mulher desconhecida, numa bicicleta. A estranha tenta convencê-la de que é mais conveniente pegar um atalho a pé, para a penitenciária, usando um caminho sinuoso no meio de um matagal desde o Calafate.
Mesmo tento relutado em seguir a mulher de bicicleta, acabou sendo convencida de que seria melhor pegar o atalho.
Porém, em determinado trecho já próximo do presídio, apareceu um indivíduo que estaria drogado e que a arrastou para dentro de uma mata, a estuprando e a torturando por pelo menos 3 horas.
A mulher que a convenceu a segui-la sumiu imediatamente após o indivíduo ter aparecido e consumada a agressão, a vítima, com muito sacrifício, alcançou as margens da Estrada do Barro Vermelho e pediu ajuda a motoristas que passavam.
O inferno apenas começava – Bastante debilitada por conta das agressões do estuprador, a vítima foi levada à Delegacia Especial de Atendimento a Mulher – DEAM, onde registrou Boletim de Ocorrência, em seguida foi encaminhada á Maternidade Bárbara Heliodora, onde lá receberia os primeiros socorros.
“Ali, eu fui atendida por um enfermeiro que veio com benzetacil”, relata a vítima
No entanto, a benzilpenicilina benzatina, antibiótico usado para tratar de infecções, causaria alergia severa na mulher, e ela sabia disso.
“Eu contei ao enfermeiro que eu era alérgica ao composto ativo da benzetacil. Mas mesmo assim, ele me aplicou duas ampolas injetáveis”, conta.
Foi então que a vítima do estupro agora mais umas vez era agredida dentro da Maternidade. Seu corpo foi inchando e seus rins foram parando até que ela entrasse em coma profundo.
Passou nove dias sofrendo de problemas graves, dois deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Fundação Hospitalar do Acre. Foi submetida a uma traqueostomia, quando implantam um tubo na traqueia para que o paciente possa respirar e foi liberada do hospital para fazer o exame de corpo delito.
No Instituto Médico Legal, nas duas vezes que esteve lá, em nenhuma delas foi atendida.
Me disseram que já tinha passado muito tempo desde o estupro e que não havia mais marcas”.
O curioso é que o governador Tião Viana havia anunciado alguns poucos dias antes que o IML inaugurou um atendimento especial na unidade para mulheres vítimas de violência sexual.
Porém, até hoje, seu rins continuam paralisados, tem de fazer hemodiálises periodicamente e não recebeu nenhuma outra assistência, seja da Delegacia da Mulher, ou de qualquer outra entidade de Defesa da Mulher.
A mulher tem crises depressivas, já tentou se matar e, não tem assistência de um psicológico. Desde o episódio, o enfermeiro também não foi responsabilizado.
“Só gostaria de um auxílio, seja da Delegacia da Mulher, seja de algum setor do Estado, para o meu problema. Não aguento mais”, relata a mulher