Ministério da Agricultura apreende quase seis toneladas de açaí em Feijó

Um auditor do Ministério da Agricultura apreendeu aproximadamente seis toneladas de açaí em Feijó, interior do Acre. No mês de agosto, exames feitos em cinco amostras de açaí encontraram o DNA do barbeiro, inseto transmissor da Doença de Chagas. O material estava pronto para ser vendido.
O servidor foi enviado de Belém para o Acre para conhecer a produção e o comércio de açaí do município. Além disso, ele deve discutiu estratégias para a regulamentação da venda e produção do açaí com representantes de instituições que atuam no seguimento.
O material apreendido foi encontrado em uma empresa que solicitava autorização para comercializar o produto.
"Foi necessário que houvesse a apreensão, foram coletadas amostras desse produto que serão enviadas para laboratório para as devidas análises. Isso é uma medida preventiva, cautelar, nós não queremos dizer com isso ou atestar que aquele produto é impróprio para o consumo”, salienta o gerente do Ministério no Acre, Luziel Carvalho. Só após os testes, o Ministério poderá dizer se o açaí apreendido está apto para ser vendido.
Carvalho explica ainda que o Ministério trabalha, junto com o governo do estado, para elaborar uma legislação estadual voltada para a área de bebidas, dentre elas o açaí, regularizando a atividade produtiva e comercial.
preço, açaí, queda, vendas, produção, safra, Amapá, Macapá (Foto: Jéssica Alves/G1)
"O que nós solicitamos às demais empresas, os demais produtores e as pessoas que são envolvidas com essa atividade é que busquem se adequar da melhor maneira possível. Já estamos elaborando uma legislação estadual no intuito de normatizar toda a atividade, tanto produtiva quanto comercial, não somente do açaí como as demais polpas também”, enfatiza.
O auditor diz ainda que o órgão está fazendo contato com as demais superintendências do Ministério para solicitar a viagem de auditores federais ao Acre para ajudar no trabalho.
“Esse é um problema que vários outros estados também já encararam e conseguiram superar, com certeza com isso todo mundo sai ganhando, a sociedade sai ganhando porque vai começar a consumir um produto com segurança alimentar, o estado sai ganhando porque também vai gerar receita e nós também, em nível federal, estaremos ganhando porque estaremos aqui atuando e fazendo nosso trabalho da melhor maneira possível", finaliza.
Entenda o caso
Exames feitos com cinco amostras de açaí do município de Feijó, no período de agosto deste ano, encontraram DNA de barbeiro – inseto transmissor da doença de Chagas em 100% do material coletado.
As investigações, feitas pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), foram feitas após 13 pessoas da mesma família serem diagnosticadas com doença de Chagas. O resultado dos exames foi divulgado em coletiva de imprensa, no dia 10 de outubro, em Rio Branco.
O secretário de Saúde do estado, Gemil Júnior, informou que todas as amostras foram coletadas em um único dia, durante o tradicional festival do açaí na cidade de Feijó.
"Nesse período da análise foram vendidos mais de 230 mil litros de açaí. É uma demanda muito alta para um município em um período de festival, mas não se tem nenhum caso registrado da doença e também não vamos ter, porque o período de incubação já passou, que é de sete dias. O governo sempre faz essas análises em relação ao açaí em todo o estado", afirmou o secretário.
Mortes
Em março deste ano, o casal Francisco Maian da Costa, de 18 anos, e Celiana Silva, de 17, nos dias 26 e 29 de fevereiro, respectivamente, morreu após tomar açaí contaminado pelo barbeiro. A família do casal mora em uma comunidade rural da cidade de Rodrigues Alves, a 627 km da capital acrena. Inicialmente, a doença de Chagas era apenas a suspeita, sendo confirmado o diagnóstico no dia 11 de março pela Saúde do Acre.
Duas irmãs de Costa também foram diagnosticadas com a doença. A pequena Francisca Adrielly, de 12 anos, ficou internada por mais de um mês no Hospital da Criança, em Rio Branco, e ficou com uma lesão no coração, por causa da enfermidade, segundo a médica que a atendeu.
Pesquisa
Dois meses após os casos em Rodrigues Alves, a coordenação que trata sobre doença de Chagas no Acre visitou as cidades da região do Vale do Juruá, como Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo. A medida fez parte de uma campanha de prevenção e conscientização após a região registrar nove casos da doença.
Uma equipe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Brasília também esteve no local e fez pesquisas na comunidade Nova Cíntra, onde sete casos da doença foram confirmados neste ano.
Colaborou Evely Dias, da Rede Amazônica Acre.
fonte  g1.globo.com

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