O plano do Papa para controlar a economia

Bom, Papa ele não é. Mas agora tem chances grandes de ser. E o plano dele para controlar a economia já existe. Estou falando deste senhor aí em cima, o cardeal ganês Peter Turkson, apontado como um dos favoritos na corrida papal.
Em 2011, ele propôs a criação de um “Banco Central Mundial”: uma entidade que mande de fato na economia de todos os países (não confunda com “Banco Mundial”, coisa que o mundo já tem faz tempo – e que empresta coisa de US$ 20 bilhões por ano para países pobres a juros baixos.). A lógica dele é a seguinte: “Quando o mundo saiu da Segunda Guerra, criaram a ONU. O mundo achou necessário se unir para lidar com um mal que ele não queria experimentar de novo”, disse Turkson. Agora, com a crise na economia mundial, seria necessário algo nessa linha: “A ONU tem competência suficiente para lidar com isso? Ou precisamos repensar, remodelar as coisas?”. A proposta de remodelo, então, um Banco Central Global. Um “BCG”. Chega um governo e resolve confiscar a poupança? O BCG pode vetar. Os EUA querem salvar mais um banco? Têm que pedir autorização pro BCG antes. É por aí: uma ONU do dinheiro.
Puro sonho. Nenhum país se sujeitaria a abrir mão do poder sobre a própria economia. Mas a ideia, na essência, não é estapafúrdia. Outro dia um leitor aqui do blog me perguntou por que o mundo não instituía uma moeda única de uma vez. Respondi que, moeda única, mesmo, só com um Banco Central Mundial, que cuide da emissão observando a necessidade de cada um – liberando mais dinheiro para fomentar quem está mal das pernas e tirando grana de circulação onde a inflação começa a ameaçar, por exemplo. Esse BC mundial só conseguiria agir se fosse uma entidade acima de qualquer governo, totalmente independente. Agora imagina os EUA ou a China obedecendo cegamente uma entidade supranacional… Esquece. Nem EUA, nem China, nem Brasil… Nem Gana.
Isso só seria viável quando (e se) a ideia de “nação” que temos hoje ficar obsoleta. Quando o ato de pensar “no que é melhor para o país” parecer tão mesquinho quanto perguntar “que vantagem eu levo nisso?”. Não vai acontecer tão cedo. É utopia. Mas vai saber… Até pouco tempo atrás a ideia de um Papa africano também era.


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