No dia internacional da mulher [8 de março] uma triste estatística é
revelada pelo Conselho Tutelar de Rio Branco. Dos casos de violência
acompanhados pela instituição, 30% são de mulheres envolvidas com drogas
lícitas ou ilícitas. A presidente do 1º Conselho, Sirlene Cavalcante,
disse que na maioria dos casos a mulher é influenciada por maridos ou
namorados.
“O ciclo da violência preocupa bastante. A desestruturação e a nova
organização da família, casos em que a mulher é responsável pela casa,
tudo isso contribui para esse declínio do sexo feminino ao mundo das
drogas”, comentou a presidente.
A informação da conselheira confirma a amostra do relatório
apresentado pelo Ministério Público do Acre, que aponta o envolvimento
da maioria de mulheres presas com o tráfico de drogas, sem a conclusão
do ensino fundamental e mães solteiras, com filhos pequenos. Os casos
que não esbarram na Polícia e que são acompanhados pelos conselheiros,
encontram outras barreiras.
“A
demanda por habitação, por geração de emprego, cursos
profissionalizantes e até por cidadania – já que muitas mulheres sequer
têm documentos – é muito grande e acabam não encontrando suporte na rede
já sufocada”, explicou.
A falta de casas de internação para o tratamento de saúde é um dos
gargalos encontrados pelo Conselho Tutelar. O uso de drogas associado à
compulsividade e a sérios danos à saúde e à vida social e efetiva, tem
que ser, na opinião de Sirlene, alvo de atenção do poder público. A
presidente não quer pautar o alarmismo, mas diz que se existissem mais
abrigos, alguns de internação compulsória para aquelas que não aceitam o
tratamento, “ajudaria muito na recuperação das mulheres, muitas delas,
precisam apenas de um auxilio para se livrarem das drogas”.
As mulheres que não conseguem resistir à tentação caem numa armadilha
que muitas vezes só é percebida quando estão atrás das grades. Sirlene
aponta outra preocupação que vem sendo constatado, o número cada vez
maior de mulheres de traficantes que assumem o negócio quando o marido é
preso ou que se submetem ao risco de serem presas, levando objetos não
permitidos para dentro das cadeias.
“O papel do conselho é o de aplicar medidas de proteção, o problema
está na execução dessas medidas, na aplicação dos serviços”, voltou a
justificar.
A secretaria de saúde do município de Rio Branco, Maria das Graças,
disse na Câmara Municipal de Rio Branco que o aumento da violência
contra a mulher é preocupante. Mas não proferiu nenhuma preocupação com
as mulheres vitimas da violência com o tráfico de drogas. Nos avanços da
saúde anunciados pela estatal de notícias do governo do Acre, nenhuma
linha fala da construção ou do apoio do Estado às instituições de
internações existentes na capital.
Sirlene concluiu a entrevista afirmando que mesmo com o pouco número
de abrigos existentes em Rio Branco, os conselhos tutelares jamais
seriam eficientes sem eles. “Não consigo imaginar o nosso trabalho sem a
existência desses abrigos”.
fonte http://www.ac24horas.com
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