Segundo Roelof van den Broek, da Universidade de Utrecht, na Holanda, a descoberta deste documento, assim como o manuscrito que revelaria que Jesus teve uma esposa que revelado recentemente, não significa que os fatos ali escritos tenham de fato ocorrido, mas prova que em algum momento da história algumas pessoas já acreditaram nos acontecimentos.
Cópias desse texto raro estão presentes em dois manuscritos, um está na Biblioteca e Museu Morgan, em Nova York e a outra no Museu da Universidade da Pensilvânia. A maior parte da tradução vem do texto de Nova Iorque, já que o texto do manuscrito Pennsylvania em sua maior parte está ilegível.
O texto diz: “Sem mais delongas, Pilatos preparou uma mesa e comeu com Jesus no quinto dia da semana. Jesus abençoou Pilatos e toda a sua casa. Pilatos depois disse a Jesus, “bem, eis que a noite chegou, levante-se e retire-se, e quando a manhã raiar me acusarão por sua causa, portanto vou dar-lhes o filho que tenho para que possam matá-lo em seu lugar”.
Jesus o conforta, dizendo: “Oh Pilatos, você foi considerado digno de uma grande graça, porque tem mostrado boa vontade para comigo”. Depois, Jesus explica que poderia escapar se desejasse: ”Pilatos, então, olhou para Jesus e, eis que ele se tornou incorpóreo. Não conseguiu vê-lo por muito tempo…”. Pilatos e sua esposa tiveram visões naquela noite que mostram uma águia (representando Jesus) sendo morta.
O manuscrito também se refere ao apóstolo Judas trai Jesus em troca de dinheiro usando um beijo para identificá-lo diante dos soldados. Segundo o apócrifo egípcio, o motivo para Judas utilizar um beijo, seria para certificar-se que Jesus não tinha mudado de forma. “Então os judeus disseram a Judas: Como vamos prendê-lo [Jesus], pois ele não tem uma única forma, mas muda sua aparência. Às vezes é ruivo, às vezes, ele pálido, às vezes, ou vermelho, por vezes tem cor de trigo… às vezes é um jovem, às vezes, um homem velho…”, diz o manuscrito.
O texto é atribuído a São Cirilo de Jerusalém, que viveu no século IV. A história da Páscoa aparece como parte de um sermão. No início do texto, Cirilo, explica que um livro foi encontrado em Jerusalém revelando escritos dos apóstolos sobre a vida e a crucificação de Jesus.
Para Van den Broek, é improvável que tal livro pudesse ter existido na vida real. Tal afirmação usada por Cirilo tinha como objetivo melhorar a credibilidade das visões estranhas e dos fatos não canônicos que ele estaria prestes a revelar. Esse tipo de alegação seria um recurso para tentar atribuir-lhes uma fonte apostólica, uma estratégia de certo modo frequente na literatura copta.
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