O governador Tião Viana esteve na manhã de sábado, 2, às margens do Rio Tarauacá para anunciar investimentos para os povos indígenas da região (Foto: Sérgio Vale/Secom) |
Eles já foram os donos soberanos da
terra e viveram em harmonia com ela. Já foram escravizados, humilhados,
dizimados. Resistiram. Lutaram. Sobreviveram. Já foram desrespeitados
pelas autoridades, pelos governos e por quem deveria protegê-los. Hoje os tempos
são outros e os povos indígenas, credores de uma dívida histórica, recebem do
governo do Estado não só respeito e reconhecimento, mas instrumentos e
políticas públicas capazes de oferecer melhorias de vida e desenvolvimento.
Foi com este espírito que o
governador Tião Viana e sua equipe de governo chegaram na manhã de sábado, 2,
às margens do Rio Tarauacá, no município de mesmo nome, para iniciar a entrega
de equipamentos de dois programas pensados para mudar os rumos da história de
desenvolvimento dos povos indígenas acreanos. A solenidade foi transmitida ao
vivo pelo Sistema Público de Comunicação, através da Rádio Aldeia FM de
Tarauacá.
O projeto Proteção Florestal em Terras Indígenas e o projeto
Fortalecimento da Produção Sustentável em Terras Indígenas busca bem mais que
garantir segurança alimentar e vigilância do território: é o
reconhecimento, segundo o governador Tião Viana, de uma dívida histórica que o
Brasil tem com os povos indígenas, numa atitude de estender as mãos e acolher,
oferecer apoio para o crescimento com respeito à cultura e
à espiritualidade. Serão mais de R$ 5 milhões nos dois projetos e
só para a Tarauacá e Feijó foram entregues mais de R$ 1,2 em
investimentos.
Os projetos são coordenados pela Secretaria de Produção
(Seaprof) e Secretaria de Meio Ambiente (Sema), com recursos do Fundo Amazônia
e BNDES Fase 5 (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
“São R$ 3 milhões para investir em 27 terras indígenas,
localizadas em nove municípios somente no projeto de produção sustentável. Hoje
Tarauacá e Feijó recebem esses investimentos, que vão de mudas e sementes a
barcos e motores. O mais importante é saber que nós do governo, junto com a
presidenta Dilma [Rousseff], damos a garantia de compra dessa produção
sustentável através do Programa de Aquisição de Alimentos, onde muitos
indígenas já são beneficiados”, disse o secretário de Produção, Lourival
Marques.
“São R$ 3 milhões para investir em 27 terras indígenas, localizadas em nove municípios", disse Lourival Marques (C) (Foto: Sérgio Vale/Secom) |
Edegard de Deus, secretário de Meio
Ambiente, ressaltou a importância do momento, que classificou como histórico.
“Essa é a proposta de política de governo Tião Viana: valorizar os povos
indígenas com tratamento digno e reconhecimento. Eles também são defensores da
floresta”, disse.
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Segurança alimentar para os
indígenas, com a oferta de proteínas como a do peixe, redução da mortalidade
infantil e renda proveniente da venda do excedente da produção são apenas
alguns dos benefícios apontados pelo assessor especial do governopara assuntos
indígenas, Zezinho Kaxinawá, que fez uma saudação na língua indígena aos
parentes presentes na solenidade. “A gente agradece o apoio o governo nestes
dois projetos importantes pros nossos povos, pra proteção das nossas terras e
pra segurança alimentar do nosso povo”, acrescentou.
“Temos uma dívida histórica com vocês”
Edegard de Deus (D), secretário de Meio Ambiente, ressaltou a importância do momento, que classificou como histórico (Foto: Sérgio Vale/Secom) |
O governador Tião Viana saudou
os indígenas com uma saudação Kaxinawá, chamando-os de amigos e agradecendo a
presença de todos. “Nós temos compreensão da dívida histórica que temos com
vocês e do papel importante que têm os povos da floresta na defesa das nossas
riquezas naturais. Hoje as crianças já comem frutas e outros produtos que são
plantados pelos indígenas, de acordo com a sabedoria deles, com aquilo que eles
acreditam, e essa produção é vendida para o governo. É isso que nós queremos,
respeitar a cultura e agregar desenvolvimento”, disse Viana.
O senador Aníbal Diniz participou da solenidade e fez uma fala
resgatando a importância histórica dos povos indígenas na formação acreana.
“Esse é um ato histórico de grande significado para a proteção da floresta
e para todo o Estado do Acre”, comentou.
“Nós temos compreensão da dívida histórica que temos com vocês e do papel importante que têm os povos da floresta", disse o governador Tião Viana (Foto: Sérgio Vale/Secom) |
Rodrigo Damasceno, prefeito de Tarauacá,
apresentou cinco membros de sua equipe de governo que são indígenas,
demonstrando o respeito e o reconhecimento que tem pela história indígena na
região. “O município de Tarauacá precisa abraçar as causas indígenas e
dizer que eles também são representados pelo nosso governo. O governador Tião
Viana tem sido de uma grandeza extrema com a nossa cidade e no início do ano
já anunciou o dobro da arrecadação do município em investimentos que serão
feitos ao longo de 2013”.
“Esse é um ato histórico de grande significado para a proteção da floresta", disse o senador Aníbal Diniz (Foto: Sérgio Vale/Secom) |
Entenda os projetos:
Projeto Proteção Florestal em Terras Indígenas
O quê?
Investimento de R$ 2,1 milhões
através do Fundo Amazônia (BNDES). Beneficia 17 terras indígenas, em seis
municípios, abrangendo oito povos indígenas, em 117 aldeias, totalizando 9.436
índios.
Pra quê?
O projeto integra política de
gestão territorial e ambiental para terras indígenas, e fortalece ações de
etnozoneamento, de elaboração e implementação de planos de gestão de terras indígenas.
Como?
O projeto prevê oficinas
de vigilância e fiscalização em terras indígenas, ensinando também a legislação
pertinente, junto com a distribuição de equipamentos para as associações dessas
17 terras indígenas. A ideia é fortalecer as ações locais de vigilância dos
limites das terras, afinal, ninguém melhor para este controle que os próprios
indígenas. O projeto também prevê a aviventação, em parceria com a Funai, dos
limites de quatro terras indígenas.
Projeto Fortalecimento da Produção Sustentável
em Terras Indígenas
O que?
Investimento de R$ 3 milhões
financiado pelo Programa Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Estado do
Acre (BNDES Fase 5). Beneficia mais de 14 mil índios, de 15 povos indígenas e
27 Terras Indígenas, espalhadas em nove municípios.
Pra quê?
Fomentar atividades produtivas
nas terras indígenas com o objetivo de consolidar a segurança alimentar das
comunidades, promover sua autonomia e fortalecimento sociocultural, garantindo
a gestão ambiental sustentável dos territórios. As ações fazem parte da
implementação dos planos de gestão das terras indígenas, do fomento à produção
sustentável e da oferta de assistência técnica às terras, através de atuação
conjunta com os agentes agroflorestais indígenas.
Como?
Fomento e implantação de
roçados sustentáveis e sistemas agroflorestais, aquisição de equipamentos para
escoamento da produção (barcos e motores), apoio a piscicultura e fomento ao
manejo da pesca, melhoria do plantel de galinhas caipiras, hortas e gestão e
monitoramento.
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O que eles disseram
Moisés
Diniz, deputado estadual
“Quantas vezes a gente dormiu nas aldeias, no Caucho, na Nova
Esperança, na Colônia 27, e nós não tínhamos nada a oferecer e só pedíamos que
não perdessem a esperança, que resistissem e não desistissem. Antes o governo
não olhava para a população indígena, não respeitava. Hoje o governo está aqui
dizendo se organizem, cuidem da floresta, cuidem da cultura, queremos ajudar
vocês a se desenvolverem”.
Nasso
Kaxinawá, vereador em Tarauacá
“Aqui está o futuro das nossas comunidades. Cabe a nós cuidarmos
bem desses produtos, de cada um desses equipamentos, zelar pelo nosso
patrimônio. E a gente espera que o governador Tião Viana possa nos fazer uma
visita daqui a algum tempo para ver como tudo isso estará sendo empregado nas
nossas aldeias”.
Chagas
Batista, vice-prefeito de Tarauacá
“O que está acontecendo hoje é fruto de uma luta política
travada lá atrás. Houve muita resistência até que chegarmos nesse momento que
vivemos, onde o governo respeita as comunidades indígenas. Hoje, para que os
atuais caciques pudessem liderar esse momento moderno, os caciques do passado
precisaram lutar muito e resistir”.
Manoel
Kaxinawá, cacique da Colônia 27
“Os povos indígenas continuam batalhando e fortalecendo nossa
ideia, nossa vida natural e cultural, a nossa espiritualidade em cada terra. A
nossa esperança é cada vez mais ajudar o desenvolvimento do estado com os
índios, o governo, o município, os deputados. Cada um fazendo a sua parte”.
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