A Universidade Federal do Acre (Ufac), atualmente, conta com sete alunos declarados índios, matriculados em cursos do ensino superior. Três deles são parentes e da etnia Manchineri. Os irmãos Soliane Manchineri e Wendel Ricardo Manchineri, cursam história e a prima, Alana manchineri, faz biologia. No Acre, a etnia Manchineri é composta por mais de 900 índios, divididos em nove aldeias.
A estudante universitária Soleane Manchinere, conta que eles saíram de sua aldeia para a cidade, ainda crianças, e diz que isso foi necessário, por conta do acesso a educação ser mais facilitado.
Eu sinto falta de quando falava na língua 'materna', hoje em dia não falo mais. Não que eu tenha perdido minha identidade, eu tenho minha identidade. A língua é fundamental para que você possa compreender verdadeiramente o que o povo essencialmente pensa, mas eu, infelizmente não falo mais", disse.
Além das dificuldades em continuar acompanhando a cultura indígena, eles enfrentam preconceitos perante à sociedade. "Sempre passei preconceito na escola, ás vezes eu pensava em não falar que era indígena, por conta do preconceito", afirmou a Manchineri, Alana.
"Indígena na universidade? Eles achavam que eu ia chegar aqui todo dia pintado e ia começar a fazer uma 'pajelança' para todo mundo ver? Nada a ver isso", explica o acadêmico de história Wendel Ricardo Manchineri.
De acordo com o professor Francisco Pinheiro, eles são alunos muito estudiosos e participativos. "Os indígenas vêm para a universidade, trazem seus conhecimentos e socializam com os alunos da cidade", afirmou o docente.
Além da faculdade, os acadêmicos indígenas participam de projetos que contribuem para diminuir o preconceito racial e étnico.
"Nós estamos enfatizando um trabalho com a lei n.11.645, que á a lei que torna obrigatório o ensino da cultura indígena nas escolas. Nesse trabalho, a gente está enfatizando uma escola no bairro São Francisco, localizado na capital, que é o bairro que tem um grande contingente de população indígena, visando diminuir ou trabalhar a questão do preconceito contra os alunos indígenas, a partir de crianças ainda pequenas", disse a professora da Ufac Iris Cabanelas.
Planos para o futuro
Soleane Manchinere diz que quando terminar a graduação, pretende fazer mestrado e doutorado, todos voltados aos assuntos indígenas. "Quando terminar os estudos, pretendo voltar pra lá e servir como suporte na base científica e contribuir, depois quero voltar, porque eu já fiz minha vida totalmente diferente", conta.
Capacitação para indígenas no Juruá
De acordo com a professora da Ufac Aline Nicolle, no Campus da Ufac de Cruzeiro do Sul, está se formando a primeira turma de professores indígenas, com 52 participantes, no curso de capacitação para docentes. "Esses professores indígenas estão sendo capacitados para trabalhar com a população residente de índios em toda a região", finalizou.
Colaborou Lillian Lima, da TV Acre.
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