No AC, mãe diz que foi barrada em escola de filho por estar de bermuda

A dona de casa Maria Antônia Avelino, de 29 anos, teve uma surpresa desagradável ao buscar o filho na Escola Municipal Ismael Gomes de Carvalho, no bairro Tancredo Neves, em Rio Branco, na quarta-feira (24). A mãe diz que foi barrada na porta da instituição por estar de bermuda. Outras mães, que estavam da mesma forma, também teriam passado pelo mesmo constrangimento
"Disseram que a nossa bermuda era curta, mas não é. Toda vez eu vou assim e nunca fui barrada. Falaram que não podíamos entrar e ficamos por mais ou menos meia hora do lado de fora. Meu filho estuda há dois anos lá e essa foi a primeira vez que eles inventaram essa lei que não pode entrar de bermuda", reclama Maria, mãe do aluno.
Ao G1, a diretora da escola, Salete Soares, afirmou que existe uma determinação definida em reunião com pais sobre os tipos de trajes permitidos no ambiente escolar. No portão, um aviso diz que “os pais ou responsáveis deverão sempre usar roupas adequadas, evitando trajes curtos (shorts e blusas) para mulheres e falta de camisa para os homens”.
Na grade do portão, escola fixou lista de roupas proibidas (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Após a proibição na entrada, Maria fala que pediu que chamassem a diretora para entender o que estava acontecendo, mas a gestora não apareceu para falar com as mães. Maria conta que precisou esperar o filho de 7 anos sair da aula na chuva e com a outra filha no colo.
"A maioria das mães, quase 10 mulheres, estava de bermuda. Tinha apenas uma que estava de saia. Me senti humilhada, com muita raiva. A gente sai correndo de casa para buscar nosso filhos, esse é um horário bem corrido. Muitas saem do trabalho na correria e ainda são barradas. É revoltante", desabafa Maria.
Acostumada a chegar por volta de 10 minutos antes do horário de saída do filho, Maria ressalta que constuma esperar em um banco no corredor do colégio. Porém, dessa vez, a portaria teria permitido apenas a entrada de pais vestidos com outros tipos de roupas.
"As crianças costumam sair às 11h e a escola abre os portões para a gente entrar e esperar. Cheguei lá era 10h50 e fui sair às 11h45 quando meu filho foi liberado. Deixaram primeiro as mães que estavam de calça comprida entrar. Só depois que liberaram nossos filhos", acrescenta a mãe.
A mãe afirma ainda que o porteiro tinha avisado sobre a proibição e mostrado a placa fixada na grade. Maria, no entanto, contesta dizendo que o aviso não é claro. "Não diz que roupa tem que ir, se é com calça ou vestido longo", ressalta Maria.
A dona de casa Maria Francisca, mãe de outro aluno, diz que já foi barrada quatro vezes no portão da escola pelo mesmo motivo. Porém, ela afirma que já viu outras mães entrando com roupas parecidas com as dela. “A regra tem que ser para todas as mulheres, porque algumas entram com bermudas iguais à minha. Curto é curto”, reclama Maria.
A diretora justifica que, anteriormente à proibição, era comum a entrada de pessoas com roupas muito provocantes. Segundo ela, outros pais reclamavam e foi necessária a criação da medida ainda no ano passado. Sobre o caso específico, Salete diz que a bermuda de Maria era muito curta para entrar na instituição.
“Na escola costumava entrar pai bêbado, sem camisa, mulheres com shorts e até baby-doll. Essa senhora é uma dessas, a bermuda dela era curtíssima. Ela é acostumada a criar caso e nem me procurou diretamente para falar sobre o que aconteceu, ficou aos gritos no portão. O que nós proibimos é a entrada da pessoa quase nua”, afirma.
Procurado pela reportagem, o secretário municipal de Educação, Marcio Batista, recebeu com surpresa a informação de que a escola impõe restrições de roupas para os pais dos alunos. Ele afirmou que não existe nenhuma norma da pasta neste sentido e que o caso deve ser investigado.
Eu acho que independente de norma ou não isso é uma ofensa [contra a mãe]. Eu vou investigar melhor a situação e acho que tem que ter bom senso nesses casos. As coisas precisam ser conversadas por parte da direção da escola com a comunidade. Não trabalhamos esse tipo de normativa", esclarece.
Caso ocorreu na quarta-feira (24) na Escola Municipal Ismael Gomes de Carvalho, em Rio Branco (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
fonte  g1.globo.com