Ora brava, ora doce, a jovem falou em tom de desabafo pelos estudantes que estão enfrentando um verdadeiro rolo compressor na Educação com a chegada do Governo Temer: as previsões de cortes de investimentos nas escolas públicas com a PEC 241, uma proposta de reforma do Ensino Médio com um projeto que não está sendo debatido, e outro que quer interferir no currículo chamado Escola Sem Partido. “A quem a escola pertence?”, questionou ela logo de cara, lembrando que o ‘rolo compressor’ de\as reformas vai chegar a seus filhos e netos. “A reforma na educação é prioritária, mas precisa ser debatida, conversada”, defendeu ela na tribuna.
O discurso de Ana Julia ocorreu em um momento de apreensão para o movimento das ocupações. Na tarde de segunda-feira, o estudante Lucas Eduardo Araújo Mota foi assassinado dentro da escola Santa Felicidade, em Curitiba, por um colega. O crime chocou os alunos e a comunidade e fez com que a escola fosse desocupada no dia seguinte. Havia a possibilidade de que a tragédia desmobilizasse o movimento em outras escolas. Mas isso não ocorreu.
Na Assembleia, a jovem mencionou a morte de Lucas criando um momento de tensão. “Ontem [quarta-feira] eu estava no velório do Lucas e eu não me recordo de ter visto nenhum desses rostos aqui lá”, provocou a garota, voltando-se aos deputados estaduais. "O sangue do Lucas está na mão de vocês”, disse no único momento em que seu discurso escorregou. Foi interrompida pelo presidente da Casa, o deputado Ademar Traiano (PSDB), que afirmou que ela não poderia agredir o parlamentar, e ameaçou encerrar a sessão. “Aqui ninguém está com a mão manchada de sangue não”, protestou ele.
Ana Julia se desculpou, mas foi firme ao explicar porque a morte de Lucas refletia a indiferença do Estado com o protesto dos estudantes. “Eu peço desculpa, mas o ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] nos diz que a responsabilidade pelos nossos adolescentes, pelos nossos estudantes é da sociedade, da família e do Estado”, devolveu Ana Julia, sob aplausos de outros estudantes que estavam ali.
Sintomático que uma estudante de Curitiba esteja sensibilizando outros brasileiros. A capital do Paraná, que com a Lava Jato se tornou símbolo do combate aos descalabros que o Brasil vive, ganhou uma voz que humaniza o movimento dos secundaristas. Os jovens paranaenses lideram as ocupações no Brasil, com 850 escolas ocupadas, segundo as contas do Movimento Ocupa Paraná.
A dinâmica das ocupações foi inaugurada no ano passado por estudantes do Estado de São Paulo contra a reorganização que o Governo de Geraldo Alckmin planejava para o ensino médio. Neste ano, os alunos paulistas não conseguem se estabelecer. Duas escolas que foram ocupadas foram desmobilizadas pela ação da Polícia.
fonte brasil.elpais.com
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