Rebelião em presídio no Acre deixa três mortos e 20 feridos

Presos dos pavilhões J, L e K do Complexo Penitenciário Francisco D’Oliveira Conde, em Rio Branco, iniciaram uma rebelião no final da tarde desta quinta-feira (20). De acordo com parentes de detentos, os rebelados teriam atirado contra outros presos. Segundo o governo do Acre, três presos morreram e 20 ficaram feridos.
O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) diz que a rebelião começou por volta de 18h30 e foi controlada por volta de 21h30 (horário do Acre). Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na unidade e, inicialmente, conseguiram retomar os pavilhões L e K. O Pavilhão J foi o último a ser controlado.
O governo confirmou ainda a prisão de dois agentes penitenciários, suspeitos de fornecer armas aos detentos.
Atendentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram deslocados para o local. Agentes penitenciários também foram convocados para dar suporte.
Não foram reveladas as identidades dos mortos tampouco dos feridos.
Pânico
Parentes de presos foram para frente do presídio aguardar por notícias. Houve pânico entre eles. A irmã de um preso do Pavilhão H, que não quis se identificar, disse que recebeu uma ligação dele de dentro do presídio, relatando a situação no local.
“Ele ligou de lá no maior desespero, estava uma gritaria, disse que estavam atirando para matar e que já haviam matado alguns presos”, disse.
Já a mulher de outro detento afirmou que a situação se repetiu no Pavilhão K. “Ele [marido] disse que apagaram as luzes e ficou tudo às escuras. Meu marido pediu ajuda, pediu para não deixar ele morrer sozinho”, contou, chorando.
A secretária de Comunicação do Acre, Andréa Zílio, informou que dois agentes penitenciários chegaram a serem feitos reféns, porém, foram liberados. O órgão acrescentou ainda que apenas policiais do Bope permanecem no presídio.
"Os agentes penitenciários e públicos foram retirados de dentro da unidade. A situação já foi controlada", disse.
Parentes de presos aguardam informações do lado de fora do presídio (Foto: Quésia Melo/G1)
Princípio de motim
Essa é a segunda ação violenta de presos da unidade em menos de 48 horas. Na manhã de quarta-feira (19), um princípio de motim foi registrado, porém, nenhum preso foi ferido, de acordo com o Iapen-AC.
O motim iniciou no pavilhão I, conhecido como "Chapão", onde ficam os sentenciados. A assessoria do Iapen confirmou que um grupo de presos começou a bater nas grades e a gritar, mas garante que a situação foi contida a tempo.
A Polícia Militar (PM) e o Bope foram acionados. Além disso, um helicóptero sobrevoou um complexo. Devido ao tiroteio na unidade onde ficam os detentos do semiaberto, as visitas foram suspensas na FOC. Porém, o Iapen não confirmou se a ação foi um protesto contra esse cancelamento.
Briga de facções
Na terça (18), presos da UP4 sofreram uma emboscada na entrada da unidade. Quatro detentos ficaram feridos e todos foram encaminhados ao Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb). Não foram registradas mortes.
A Sesp-AC chegou a montar um gabinete de crise no local e destacou agentes do Bope, Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A situação foi controlada após a entrada de agentes do Bope.
O governo do estado anunciou, na quarta (19), que o Exército vai reforçar a segurança nas áreas de fronteira do estado.
Durante uma reunião, realizada também na quarta, entre a juíza da Vara de Execuções Penais, Luana Campos, o secretário de Segurança Pública do Acre, Emylson Farias, o secretário de Polícia Civil, Carlos Portela, e representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública ficou definido que os 380 detentos da UP4 só vão retornar à unidade prisional nesta sexta (21).
Execuções
Um levantamento feito pelo G1 mostrou que, entre 18 de setembro até a última terça (18), ao menos 21 pessoas foram executadas em Rio Branco. Para intensificar os trabalhos na capital, a PM recebeu 20 fuzis de longo alcance do Exército Brasileiro.
A quantidade de execuções ocorridas no estado acreano, intensificada esta semana, tem ligação com brigas de facções criminosas, de acordo com o secretário Sesp-AC, Emylson Farias. Duas unidades prisionais de Rio Branco passaram por problemas na terça e na quarta.
Situações em outros estados
Em Roraima, a confusão entre os detentos começou por volta das 15h de domingo (16), quando homens da ala 13 quebraram os cadeados e invadiram a ala 12. A briga entre os presos ocorreu durante o horário de visitas. Dez presos foram mortos e seis ficaram feridos.
Já em Rondônia, há registro de que oito presos morreram asfixiados por fumaça na Penitenciária Estadual Ênio dos Santos Pinheiro em Porto Velho, durante a madrugada desta segunda (17). A Polícia Civil confirmou as mortes e diz que a motivação foi uma briga entre facções rivais. Dois feridos foram encaminhados ao hospital.
Uma rebelião de presos no Hospital de Custódia de Tratamento Psiquiátrico I "Prof. André Teixeira Lima", em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, acabou com a fuga de detentos e fogo no início da noite desta segunda (17). Os presos colocaram fogo em vários pavilhões do presídio.
fonte  g1.globo.com

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