Espécie rara de serpente é descoberta em Estação Ecológica no Acre

Uma rara serpente de cor preta, cabeça branca e com cerca de 40 a 50 centímetros foi descoberta na Estação Ecológica Rio Acre, a 70 quilômetros de Assis Brasil, interior do estado. O animal foi achado por pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Apesar da descoberta ter ocorrido em fevereiro de 2016, ela foi divulgada apenas nesta sexta-feira (13).
Essa foi a primeira vez que a espécie, de nome científico Ninia hudsoni, foi encontrada em solo acreano e a sétima vez no país, segundo o ICMBio. De acordo com o analista ambiental Marco Antônio Freitas, um dos pesquisadores da equipe, a serpente é um animal noturno e terrestre que vive entre as folhas secas que caem no chão da floresta.
"É uma serpente rara por natureza, pouco conhecida pela ciência e não é ameaçada de extinção. Inteiramente negra no dorso, com a cabeça e barriga branca. As escamas são acarenadas, que dá o aspecto áspero ao toque. É completamente inofensiva, não morde, não tem peçonha e se alimenta de pequenos animais que vivem no folhedo da floresta", detalhou o pesquisador e especialista em répteis e anfíbios.
A pesquisa teve início em abril de 2015 e, segundo o pesquisador, inicialmente foram 22 dias de campo e em fevereiro de 2016 foram mais 15 dias no local. Em seguida, vieram as análises em laboratório. A descoberta foi transformada em um artigo científico que foi publicado no final do ano passado.
"Ela foi coletada e fixada com a devida licença do próprio órgão. Está tombada na coleção científica da Universidade Federal Rural de Pernambuco, onde sou estudante e doutorado. A gente tem que ter um animal tombado do registro, quando ele é raro ou quando precisa fazer um inventário, como foi o caso", explicou Freitas.
Estação Ecológica Rio Acre
A unidade de conservação Estação Ecológica Rio Acre fica, de acordo com o pesquisador, a 35 quilômetros de uma aldeia indígena. Em linha reta, o local fica a cerca de 70 quilômetros da cidade de Assis Brasil, distante 342 quilômetros da capital acreana, Rio Branco.
Dependendo da situação do rio, se estiver cheio ou seco, a viagem até a Estação Ecológica, que tem 77 mil hectares, pode levar até uma semana. Ao menos 110 espécieis de anfíbios e répteis foram achadas na unidade de conservação, além de mais de 400 espécieis de aves e 28 espécieis de roedores e marsupiais.
"A Estação Ecológica Rio Acre é uma das regiões mais isoladas do planeta. É uma região muito pouco conhecida, faz fronteira direta com o Peru e é uma região importante, porque está sendo utilizada como refúgio dos índios isolados da Amazônia. Então, toda e qualquer pesquisa é de extrema importância para o conhecimento da biota local, seja de fauna ou flora", finalizou Freitas.
fonte  g1.globo.com

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