Estudo inédito no esgoto de Brasília conclui que população consome 750 kg de cocaína por ano. Pesquisa poderá ser usada pela polícia na repressão de drogas no DF
A população do Distrito Federal consome, em média, 750 kg de cocaína por ano. A projeção foi feita em um estudo elaborado por pesquisadores da UnB (Universidade de Brasília), que mapeia o consumo diário da droga por meio de substâncias encontradas na rede de esgoto. Os dados poderão ajudar a polícia na repressão ao tráfico no DF.
Trata-se de uma projeção porque o estudo não foi feito ao longo de um ano inteiro, mas durante alguns dias. A média diária foi multiplicada por 365 para se chegar a um consumo anual médio.
O pesquisador Rafael Feitosa, que fez do estudo seu projeto de mestrado, explica que quando a cocaína é consumida, é transformada pelo organismo humano em outras substâncias, chamadas metabólicas, que são eliminadas na urina. Parte da droga também é excretada em sua forma pura.
Deste modo, a pesquisa coletou, em abril deste ano, amostras de esgoto nas oito estações de tratamento do DF: Brasília Norte, Brasília Sul, Gama, Paranoá, Planaltina, Samambaia, Melchior e Riacho Fundo. A partir da concentração da substância benzoilecgonina, proveniente do consumo, e com base na população atendida pela estação, é possível calcular o quantidade de droga consumida na região.
A estação norte, que abrange as regiões do Lago Norte, Varjão e Asa Norte, registrou o maior consumo da droga, seguida pela estação de Samambaia e do Gama.
Se for usado pela polícia, a pesquisa poderá apontar ainda possíveis laboratórios de refino da cocaína. De acordo com Feitosa, quando a concentração da substância da droga pura for maior do que a de benzoilecgonina, quer dizer que a cocaína deve estar sendo despejada diretamente na rede de esgoto. Além disso, o estudo pode avaliar a eficiência de batidas policiais ou campanhas educativas com o objetivo de reprimir o uso da droga.
— Para saber se surtiu efeito basta analisar as coletas da rede de esgota e verificar se o consumo diminuiu após as ações.
Campeões de consumo
Na estação de tratamento Brasília Norte, foi possível mapear o perfil de consumo da região, já que as amostras foram coletadas durante sete dias seguidos. Assim, de acordo como autor do estudo, o consumo começa a crescer a partir de quinta-feira, no sábado há um pico e no domingo começa a diminuir. Segunda, terça e quarta-feira são os dias em que há menos consumo.
— Então há dois tipos de usuários, os que usam todo dia, e aqueles que só consomem no final de semana.
A técnica, até então inédita no Brasil, surgiu na Itália em 2005. Em 2010, o professor Fernando Sodré iniciou o estudo na Unicamp (Universidade de Campinas), em parceria com a Polícia Federal, e no mesmo ano deu continuidade à pesquisa na UnB.
A partir dos primeiros resultados, Rafael Feitosa já vê a possibilidade de aprofundar o estudo e mapear o perfil mensal do cosumo ou estender a pesquisa para outras drogas como a maconha e o ecstasy, como é de interesse da Polícia Federal. No entanto, para expandir para outros entorpecentes ilícitos, a metodologia ainda precisa ser aprimorada.
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