Entre
2011 e 2012, os homicídios por impulso ou por motivos fúteis
totalizaram entre 25% e 80% dos assassinatos com causas identificadas no
Brasil, a depender do estado. Em São Paulo, por exemplo, 83% dos
assassinatos com motivação esclarecida foram cometidos por impulso ou
por motivo fútil, nos casos investigados pelo Departamento de Homicídios
e Proteção à Pessoa (DHPP) nos últimos dois anos. Os números foram
divulgados pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) nesta
quinta-feira, 8 de novembro, no lançamento da campanha “Conte até 10.
Paz. Essa é a atitude”. A campanha faz parte da Estratégia Nacional de
Justiça e Segurança Pública. São parceiros da iniciativa o Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério da Justiça (MJ). Do Acre, a
Procuradora-Geral Patrícia Rêgo participa do evento, que também será
lançado no estado no próximo dia 13, na escola José Ribamar Batista, no
bairro Aeroporto Velho.
Os estudos foram elaborados a partir de
dados sobre homicídios remetidos por 15 estados e pelo Distrito Federal.
O objetivo é mapear, dentre os assassinatos com causas identificadas,
quantos foram cometidos por impulso, em uma ação impensada de quem mata,
e/ou por motivo fútil. Como não há, no Brasil, critério uniforme de
classificação de homicídios e cada estado adota critérios próprios, não é
possível totalizar dados nacionais. No entanto, o estudo identificou,
dentre as categorias utilizadas em cada estado, aquelas que normalmente
estão associadas à atuação impulsiva do autor do crime.
Foram incluídos na macrocategoria
“impulso + motivo fútil” homicídios classificados como briga, ciúme,
conflito entre vizinhos, desavença, discussão, violência doméstica,
trânsito, passional, consequência de vias de fato, etc. Algumas
categorias – como vingança e rixa, por exemplo – podem englobar tanto
homicídios por impulso quanto os premeditados. O estudo inclui esses
crimes na macrocategoria do impulso, já que estão normalmente associados
à atuação impulsiva do autor do crime. Não foram considerados os
homicídios culposos (sem intenção de matar), os crimes sem classificação
nem os classificados em categorias como “ignorado”, “desconhecido”,
outras causas.
No Rio de Janeiro, de janeiro de 2011 a
setembro de 2012, uma em cada quatro mortes com causa identificada
(26,85%) está na macrocategoria “impulso + motivo fútil”. Em Pernambuco,
nos crimes com motivação identificada, os assassinatos por impulso ou
motivo fútil foram 46,7% das mortes de 2010 e 50,66% em 2011. Rio Grande
do Sul tem 43,13% dos assassinatos com causa determinada, em 2011, por
impulso ou motivo fútil.
Outros estados com grande proporção de
mortes incluídas na macrocategoria são Acre (100% em 2011 e 100% em
2012), Santa Catarina (74,46% em 2011 e 82,13% em 2012) e Goiás (63,77%
em 2012).
Coletiva
Coletiva
Os dados foram divulgados em entrevista
coletiva na manhã dessa quinta, com a presença do presidente do CNMP,
Roberto Gurgel, da conselheira Taís Ferraz, coordenadora do Grupo de
Persecução Penal da Enasp, da judoca Sarah Menezes, de Flávio Caetano,
secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, de Luciano
Losekann, juiz auxiliar do Conselho Nacional de Justiça e de Ophir
Cavalcante, presidente da OAB.
Segundo Roberto Gurgel, os homicídios por impulso “são crimes em que,
na grande maioria das vezes, o autor se arrepende no momento seguinte
ao disparo”. A conselheira Taís Ferraz explicou que o estudo confirma a
percepção dos agentes do Sistema de Justiça que atuam nas Metas 2, 3 e 4
da Estratégia, que pretendem concluir os inquéritos e as ações penais
antigas de crimes de homicídio. “Durante esforço concentrado para a
análise de milhares de inquéritos de homicídio antigos em todo o Brasil,
percebeu-se que um número expressivo dos crimes investigados havia sido
cometido sem premeditação, por impulso ou por motivo fútil. Boa parte
deles, inclusive, tinha como autores pessoas sem histórico criminal”,
disse ela.
A campanha Conte até 10. Paz. Essa é a
atitude foi idealizada para combater essas mortes. A campanha propõe
contar até dez e manter o controle antes de cometer qualquer violência.
Com informações do CNMP
Agência de Notícias - MP/AC
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