A
situação atual da Polícia Civil do Acre está realmente precária, apesar
de ninguém falar abertamente, temendo represálias, circula, em tom
jocoso, nos corredores das delegacias que “na PC tá tudo as mil
maravilhas".
Além da agitada
rotina de trabalho, os competentes policiais têm que conviverem
diariamente com a falta de combustível para os veículos, e até mesmo
água mineral e copos descartáveis. Por conta disso, pelo menos oito
viaturas foram recolhidas ao pátio da Direção Geral da Polícia Civil,
desguarnecendo as equipes policiais e atravancando os trabalhos
investigativos.
Na Divisão de
Investigação Criminal – DIC, no Bairro Estação Experimental,
plantonistas foram obrigados a realizar uma famosa “vaquinha” para
comprar um galão de 20 litros de água, caso contrário o final de semana
seria a seco.
Caso não muito
diferente foi flagrado na Delegacia Especializada em Atendimento a
Mulher – DEAM, quando os policiais se dispuseram a comprar copos
descartáveis, papel higiênico e até pó de café.
“A situação está
ficando insustentável, estamos pagando para trabalhar”, comentou um
policial civil no início da semana em uma das delegacias regionais da
cidade.
Mês passado circulou nas redes sociais a foto de um policial abastecendo uma viatura com dinheiro do próprio bolso.
E a situação
calamitosa não é somente em Rio Branco. De Sena Madureira veio à
informação de que a Delegacia Geral do município recebe mensalmente a
quantia de 300 litros de combustível para abastecer as duas viaturas, o
que perfaz a quantidade de cinco litros por carro, diariamente.
Por conta da escassez de combustível, as intimações da delegacia de Sena Madureira estavam sendo feitas via rádio.
Na época, o fato
também foi denunciado pelo Sindicato dos Policias Civis do Acre –
Sinpol, evidenciando que a situação no interior do Estado é bem pior.
Em entrevista, o
secretário da Polícia Civil, Emylson Farias negou que houvesse
racionamento de combustível e disse desconhecer a falta de material de
expediente, bem como a falta de copos descartáveis e água mineral. Na
ocasião, dia 20 de novembro, o secretário disse que não havia
racionamento de combustível para as viaturas. De acordo com Farias, a
instituição estaria realizando apenas um “realinhamento”.
Ele acrescentou que a
medida, de cunho administrativo, era para que o combustível fosse usado
apenas para atender as necessidades da Polícia Civil.
“Não é um
racionamento, é sim um reequilíbrio, um realinhamento, uma medida
administrativa para que o combustível seja usado para atender as
unidades policiais. A cota foi disponibilizada em todas as unidades.
Caso haja necessidade de um abastecimento extra, é só justificar;
nenhuma delegacia vai ficar sem combustível para atender suas demandas”,
disse o secretário na época das denuncias.
Mas o que se pode
observar no decorrer dos meses nas delegacias é contrario as afirmações
do chefe de polícia. Para se ter um exemplo, na DIC, divisão da Polícia
Civil onde estão duas das mais importantes e estratégicas delegacias do
Estado, a DRE e a Delegacia Antiassalto, no mês de novembro foram
enviadas as unidades cinco resmas de papel A4 para atender quatro
cartórios, quatro gabinetes de delegados, duas salas de investigações e
uma sala de análise criminal.
As duas
especializadas tiveram que “encostar” pelo menos duas viaturas cada, por
conta do racionamento de combustível. Durante as duas últimas semanas
várias reuniões foram realizadas na sede da PC de onde foram deliberados
alguns “ajustes”, comenta-se que daqui alguns dias, cada unidade
policial vai contar apenas com uma impressora.
Em frente à DEAM
encontra-se parado um Gol branco descaracterizado, usado para serviços
de investigação da unidade, segundo informações o carro está parado a
mais de uma semana por falta de combustível e por conta de um pequeno
problema mecânico.
A situação é realmente crítica,
afirma um servidor. “Tem fornecedores que estão com até cinco meses sem
receber. Existem casos de fornecedores que estavam com três meses de
pagamento atrasado e a Secretaria cancelou o contrato, aderindo ou
fazendo outro pregão. O problema é que estes novos fornecedores já estão
novamente com três meses de pagamento atrasado, além daqueles que
ficaram sem receber”, revela um servidor que preferiu ter seu nome
protegido.
Willamis França para a Redação do Acrealerta.com.
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