Uma cirurgia inédita em todo o Brasil foi realizada nesta segunda-feira (28) em São José do Rio Preto (SP). Uma menina recém-nascida com uma deformidade no intestino, que se formou para fora do corpo durante a gestação, passou pela cirurgia ainda ligada à mãe, de apenas 15 anos, pelo cordão umbilical. A técnica foi desenvolvida por um médico argentino, que acompanhou a cirurgia no Hospital da Criança, em Rio Preto. O bebê passa bem. Segundo a direção do hospital, a cirurgia é inédita no país. Primeiro, os médicos fizeram o parto e retiram o bebê, mas não cortaram o cordão umbilical. Em seguida, a mãe recebeu um sedativo, que automaticamente também afetou o bebê, já que ele estava ligado pelo cordão. Posteriormente, o intestino do bebê é colocado para dentro do corpo dele e só depois da cirurgia o cordão umbilical é cortado. “A cirurgia antes era um trauma para a criança e para a mãe. A grande vantagem é que a criança não recebe anestesia geral. Outra vantagem é o pós-operatório, já que o período de internação é bem reduzido”, afirma o cirurgião pediatra Paulo Nakaoski. A doença foi identificada durante exames realizados no pré-natal. “Um diagnóstico precoce ajudou bastante. Ela foi acompanhada durante toda a gestação e com isso programamos o momento mais oportuno do parto. É uma das deformidades mais comuns e esta nova técnica ajudará muito na recuperação do paciente”, afirma o médico especialista em medicina fetal Gustavo Henrique de Oliveira, que acompanhou a gestação.
Vários profissionais da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp) e do Hospital da Criança e Maternidade trabalharam juntos para que tudo desse certo. A técnica foi desenvolvida em 2005, pelo médico argentino Javier Svetliza. “Me sinto honrado de participar desta cirurgia em Rio Preto. É um momento importante para a cidade e para mim, é uma técnica que nosso grupo de pacientes demonstra uma grande evolução nos resultados”, diz o médico criador da técnica. Para a diretoria, a cirurgia coloca o hospital, mais uma vez, como referência nacional em novos tratamentos. “O Hospital da Criança não tem um ano ainda e demos um passo enorme em uma cirurgia que vai trazer benefícios para os pacientes, e vamos continuar avançando. Os procedimentos anteriores, nós temos crianças que estão há cinco meses internadas, e em 20 dias, a criança que fez esta nova cirurgia vai para casa”, diz o cirurgião pediatra Humberto Liedtke. Segundo os médicos, com essa técnica o bebê sofre menos. Se a cirurgia fosse realizada depois do nascimento normal, a criança só poderia se alimentar depois de dois ou até três meses. Com essa técnica, o bebê, que passa bem, vai começar a receber alimentação em cinco dias ou até menos. fonte g1