
As passagens pelas quais a autônoma aguarda são emitidas gratuitamente pelo Programa de Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Procurada pelo G1, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que vai entrar em contato com a família da paciente para acelerar o processo de liberação dos benefícios.
A filha de Léia, Lidiane Pereira, de 16 anos, conta que o drama da mãe começou em 2013, quando dores no nariz começaram a incomodá-la.
"Uma massa apareceu nas duas narinas até que ambas fossem tapadas", disse Lidiane. O tratamento inicial, segundo ela, foi à base de remédios específicos para amenizar o problema. A adolescente conta que por quase um ano os médicos não descobriram que doença Léia tinha, até que veio o diagnóstico do câncer de pele, e uma cirurgia de emergência deveria ser realizada para eliminar a doença.
O hospital mais próximo para o qual Léia foi encaminhada fica em Belém, no Pará. Sem dinheiro para a viagem, a autônoma, então, iniciou a busca pelo benefício do TFD. A demora na liberação das passagens provocou a mutilação da paciente, afirma a família.
“Demoraram para diagnosticar o câncer e a doença se espalhou pelo rosto. Então foi necessária a cirurgia para o tumor não se espalhar porque a passagem estava demorando para ser liberada”, lamenta Lidiane
"É revoltante como tratam a saúde pública no nosso estado. Não era para esta senhora chegar a esse ponto", diz o padre Paulo Roberto, que é presidente da casa de apoio a doentes com câncer Instituto Joel Magalhães.
A primeira cirurgia no rosto da mulher aconteceu em agosto de 2014 e retirou o céu da boca e a cartilagem do nariz da paciente. A segunda ocorreu em dezembro do mesmo ano. Na ocasião, o olho direito da autônoma foi retirado. A família teme que o câncer atinja outras partes do rosto de Léia.
Os procedimentos mudaram a rotina da família. Oito pessoas moram em uma casa na periferia da Zona Sul de Macapá, e parte da renda familiar, pouco mais de R$ 700, passou a ser usado especificamente para compras de remédios.
Além disso, todos na casa voltaram as atenções para a autônoma, que necessita de cuidados especiais por causa da perda da fala como resultado da retirada da boca. A mulher se comunica por gestos.

A filha diz que apesar do sofrimento, ainda é possível ouvi-la sorrir. “O sorriso e o amor é que nos motiva a continuar lutando contra a doença”, falou a filha, que aguarda com a família a liberação das passagens para iniciar o tratamento em Belém.
fonte g1