A Polícia Civil de Rondônia está apurando indícios de supostos abusos sexuais cometidos pelo médico Pedro Augusto Ramos da Silva, de 57 anos, durante exames ginecológicos em mais três estados. Segundo o delegado Rodrigo Camargo, há possibilidade que ele tenha praticado crimes da mesma natureza no Acre, Amazonas e Mato Grosso antes de mudar-se para Ariquemes (RO). Ao todo no município, 13 mulheres denunciaram o ginecologista que está preso desde o dia 2 de março.
O delegado alega que ofícios solicitando informações foram enviados para os três estados. Conforme Camargo, no Amazonas há quatro registros de ocorrências contra o médico e neles constam que as pacientes também relataram que sofreram abuso sexual durante exame ginecológico. "Esses indícios foram obtidos informalmente, mas já enviamos ofícios para os estados solicitando documentação sobre os casos", afirma.
O titular da Delegacia da Mulher de Ariquemes esclarece ainda que os antecedentes em outros estados não vão servir para a análise dos casos em Rondônia, já que, segundo ele, são situações diferentes, mas reitera que servirão para demonstrar os precedentes do investigado. "O judiciário deve instruir a investigação com documentos que possibilite o magistrado averiguar quais são os antecedentes do suspeito e o juiz deve levar essas provas adicionais em consideração caso venha condená-lo", explana Camargo.
A Polícia Civil garante que deve encerrar o inquérito até o dia 1º de abril e relatar o caso para o Ministério Público de Rondônia (MP-RO), que deve avaliar se denúncia ou não o médico. Rodrigo explica que seja comprovado o abuso sexual, o profissional deve responder por estupro de vulnerável.
o advogado do médico Márcio Gomes disse que a defesa deve se manifestar sobre as acusações somente após a conclusão do inquérito policial. Ele acrescenta que fez, nesta quinta-feira (12), o pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), pra que o cliente responda o processo em liberdade.
O caso
Os supostos abusos cometidos pelo médico Pedro Augusto começaram a surgir em Ariquemes a partir do 26 de fevereiro após a denúncia à Polícia Civil de uma paciente de 22 anos. Ela contou que o crime aconteceu durante um exame ginecológico realizado no dia 25 de fevereiro. Depois do primeiro depoimento da jovem, mais três mulheres procuraram a delegacia e acusaram o médico.
Com as denuncias, a prisão preventiva foi concedida pelo judiciário e o médico foi preso no dia 2 de março. Por conta do anúncio da prisão do profissional, outras nove mulheres o denunciaram por abuso, somando 13 registros. "São mulheres que não se conhecem, de faixa etária, condições financeiras e níveis de escolaridade diferentes. Todas elas descreveram a mesma situação. Isso de certa forma reforça os indícios de autoria", afirma Camargo.
A primeira vítima que denunciou o médico contou que foi abusada durante o exame ginecológico realizado num hospital particular do município. "Ele fez o ultrassom abdominal do útero e depois iniciou o exame. Notei que o procedimento estava demorando mais do que normal e forcei a coluna para me levantar. Foi quando vi as vestes dele abaixadas e o órgão genital ereto. Disse a ele que estava abusando de mim e ele falou que não e que era coisa da minha cabeça", relatou.
Pacientes serão ouvidas
No última terça-feira (10), a Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do médico em Ariquemes. Um computador com informações de prontuários de pacientes atendidas pelo profissional foi apreendido.
O delegado explica que das 13 pacientes, quatro delas não tinha comprovante de que haviam realizado uma consulta com o investigado, por isso, o arquivo digital será analisado. Ao todo 200 pacientes devem ser ouvidas durante o inquérito.
Conselho de Medicina
O vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero), Cleiton Bach, afirma que o conselho ficou sabendo do caso por meio da imprensa e que a entidade instaurou uma sindicância interna para investigar. Bach destaca que será dada a oportunidade de ampla defesa ao profissional, mas que, caso seja comprovado o crime, entre as punições previstas, o médico pode ter o diploma cassado.
Segundo o Cremero, o médico possui registro em Rondônia há seis meses e o profissional é registrado em outros nove estados.
fonte g1