Em dia santo, mulher segue tradição e não penteia os cabelos no Acre

A tradição diz que na Sexta-feira Santa mulheres batizadas com o nome de “Maria”, não podem varrer a casa nem pentear os cabelos. Supersticiosa e devota, Maria Lúcia, de 62 anos, que vive em Cruzeiro do Sul, distante 648 quilômetros de Rio Branco, segue à risca o que manda a crença. “Na sexta-feira Santa jejuo, não varro a casa, não tomo banho, não troco de roupa e nem penteio o cabelo", garante Maria Lúcia.
A forte cultura católica, que marca a passagem da morte e ressurreição de Jesus Cristo, faz com que alguns moradores mais antigos de Cruzeiro do Sul sigam algumas restrições fortemente.
O pai da dona de casa Maria Lúcia, o aposentado Idelbrando de Freitas, de 92 anos, diz que recebeu esses ensinamentos dos seus pais e passou para os filhos. Seguindo uma dieta rigorosa durante a Semana Santa, ele conta que não come carne de nenhum tipo, jejua e vai cedo à igreja.
“A Semana Santa é importante. Eu rezo, rogo pelos vivos e os mortos. Não como carne de jeito nenhum, por causa do sangue, só bolacha, pão e água. Meu pai e mãe ensinavam o que eles faziam, minha mãe ensinou a rezar na hora da refeição, se benzer primeiro e pedir a benção”, conta.
Sentada na área externa da sua casa, Ângela Marques, de 72 anos, trata o peixe para a Semana Santa. Ela conta que foi ensinada a comer pescado e alimentos sem sangue. “Eu não como carne, só almoço e janto. As comidas que eu como são da Semana Santa, como macarrão, arroz, peixe. Minha mãe ensinou assim”, revela.
O representante administrativo da Catedral de Cruzeiro do Sul, padre Francisco, explica que a tradição de não comer carne vermelha na Sermana Santa é em respeito ao sangue que Jesus derramou na Cruz. “Não comer carne vermelha é você entrar no mistério da paixão de Jesus, lembrando o sangue que ele derramou por nós”, esclarece.
Padre Francisco fala ainda que parte desses costumes não são normas da igreja, mas foram adquiridos pelos antigos e passados de geração para geração. “Tudo é questão de tradição e respeito à morte de Jesus. Às vezes nem são normas da igreja, mas as pessoas foram adquirindo esses hábitos, essas práticas e agora, se transformam em tradição”, finaliza.
fonte g1