O professor indígena da etnia Huni kui, Rui Nunes Barbosa Kaxinawá, foi brutalmente espancado pelo médico Maxdelles Rodrigues Cavalcante. O episódio, que foi registrado na delegacia do município de Feijó, aconteceu por volta das 17 horas de ontem (24), nas dependências do hospital geral. Além de várias escoriações pelo corpo, o índio teve o nariz quebrado. O médico seria praticamente de artes marciais.
Segundo testemunhas, o professor acompanhava uma prima na unidade de saúde e teria comentado que o médico era o responsável pela morte de seu filho, ocorrida em 2012. Maxdelles teria recomendo a aplicação de dipirona na criança, que estava com 40 graus de febre e era alérgico ao medicamento. O enfermeiro, conhecido por Gleison, que é esposo da chefe do Polo Base de Saúde Indígena do município, testemunhou o episódio.
“O Dr. Maxidelles ouviu e ficou aguardando na porta do hospital. Quando embarcávamos no carro, o Rui foi surpreendido com um soco no nariz, que o fez cair no chão. E o medico falava: ‘esses caboclo só vem aqui para fazer confusão’. Ao se levantar, o professor reafirmou que o médico não havia solicitado o exame para saber se seu filho era alérgico. Ainda mais furioso, o médico desferiu um chute conhecido como ‘pulo de mestre’, que levou novamente o Rui ao chão”, declarou a testemunha. O espancamento só parou quando um vigilante intercedeu.
As agressões causaram indignação e revolta entre os principais líderes indígenas. O cacique Edvaldo Domingos Huni kui disse que vai procurar os órgãos competentes e exigir providencias. “Além de evitar que continue esses tipo de tratamento de órgãos públicos com os povos indígenas, queremos uma posição das Secretarias de Estado de Saúde, Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos e dos Conselho Estadual de Saúde e Regional de Medicina do Acre, além do Ministério Publico Federal “, disse ele.
Secretário vai investigar agressões
A reportagem ouviu o secretário estadual de Saúde, Armando Melo, que solicitou um relatório à direção do hospital. Ele disse também que vai acompanhar as investigações policiais, justificando que depende delas para tomar providências administrativas. “De antemão, respeitando o direito ao contraditório, queremos reiterar o nosso compromisso com uma saúde eficiente e humanizada. O governador e a Sesacre não admitem qualquer que seja os maus-tratos com os usuários do sistema de saúde, muito menos com os povos indígenas, que já foram historicamente negligenciados pelo estado brasileiro”, declarou Armando Melo.
Jorge Natal
fonte /www.ac24horas.com