A jovem Pâmela Araújo, de 19 anos, afirma ter sido vítima de constrangimento e preconceito por usar um lenço durante a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na Escola Natalino da Silveira Brito, em Rio Branco. A candidata sofre de alopecia areata, doença que provoca a perda total dos fios de cabelo.
A jovem conta que sempre usou lenços na cabeça para esconder a calvície, mas quase foi impedida de usá-lo pelo coordenador regional da prova.
Pâmela conta que no primeiro dia de prova, no sábado (24), foi chamada pelo coordenador para sair da sala e foi informada de que não poderia fazer a prova utilizando o acessório. Após ela contar que usava por conta da doença, o homem teria pedido um laudo médico e dito que ela possivelmente teria a prova cancelada.
"O rapaz me perguntou o que eu tinha, eu expliquei e ele disse que teria que ter um documento. Chegou uma outra mulher, que falou que o problema é que eu não tinha documento falando isso. Eu sempre usei lenço porque esse problema faz com que meu cabelo caia", conta a jovem.
Ainda muito abalada e chorando, a jovem conta que neste domingo (25) teve que levantar o lenço para poder entrar no local de prova.
"De um jeito ou de outro, fiquei constrangida, porque fui chamada na sala, mas ele disse que não foi constrangedor, já que agiu cautelosamente. Neste segundo dia de provas, ele me chamou de novo por causa do lenço e para dizer que meu tio tinha postado algo na internet. Disse que poderia processar a gente e que o pessoal de Brasília ia defender ele", diz.
Essa é a quarta vez que a jovem faz o exame nacional do ensino médio e diz que nunca passou por esse tipo de situação.
Queria muito passar em medicina.Mas, hoje [domingo, 25] quase não consegui fazer prova. Passei o exame todo pensando, querendo chorar, mas me segurando. Ele simplesmente me disse que poderia me desclassificar. Me abalou muito e mexeu demais com o meu psicológico. Fiquei a prova toda pensando nisso e fui fazendo a prova por fazer", diz entre lágrimas.
O tio da jovem, Genilson Freitas, disse que na segunda-feira (26) vai registrar um boletim de ocorrência contra o coordenador e acionar o Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC). O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou por meio da assessoria que revista nesse caso é comum.
Ao g1, o coordenador regional da prova do Enem 2015 na escola Escola Natalino da Silveira Brito, que não quis se identificar, informou que não vai poder se pronunciar sobre o caso. O coordenador se limitou a dizer que sofreu ameaças por parte da família da jovem e que deve acionar a polícia para registrar um boletim de ocorrência.
Em todo o Acre, mais de 56 mil candidatos fizeram as provas do Enem 2015. A maioria tinha o ensino médio completo, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 38.146 pessoas, o que representa quase 68% dos inscritos.
Neste domingo (25), segundo dia de provas, o tempo de duração foi de 5 horas e 30 minutos para os candidatos responderem questões de linguagens e códigos (45 questões), matemática (45 questões) e redação. O candidato só pode sair do local das provas após duas horas do início do exame. Os candidatos que quiseram levar o caderno de questões para casa tiveram que esperar até 30 minutos antes do término da prova.
Neste domingo (25), segundo dia de provas, o tempo de duração foi de 5 horas e 30 minutos para os candidatos responderem questões de linguagens e códigos (45 questões), matemática (45 questões) e redação. O candidato só pode sair do local das provas após duas horas do início do exame. Os candidatos que quiseram levar o caderno de questões para casa tiveram que esperar até 30 minutos antes do término da prova.
No sábado (24) as provas iniciaram às 10h30 (13h30 horário de Brasília) e terminaram às 18h, totalizando 4h30. Foram aplicadas as provas de ciências humanas (45 questões) e ciências da natureza (45 questões).
fonte g1.globo.com