Em menos de seis horas, a política brasileira evoluiu de um jogo de chantagens e negociatas para a abertura formal de um processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Às 13h, Rui Falcão, o comandante do Partido dos Trabalhadores, pediu aos representantes da legenda no Conselho de Ética que votassem pelo prosseguimento do processo de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Antes das 19h, o deputado contra-atacou com a arma mais pesada: aceitou o pedido de afastamento da petista, protocolado pelos advogados Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal. Minutos depois, foi a vez de a presidente da República reagir. Atacou duramente o peemedebista, pivô de um dos dias mais agitados de 2015.
A decisão de Cunha deflagrou um grave processo na história política do país, com ecos no Congresso, no Judiciário, nas ruas e nas redes sociais. Dilma Rousseff fez um discurso duro contra o peemedebista: “Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público, não possuo conta no exterior, não ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais”.
A trama política ainda está no começo. Petistas prometeram recorrer ao Supremo; a oposição, por sua vez, defendeu o pedido de impeachment formulado pelos juristas. Com o processo aberto, a atenção do país se volta para o Congresso, que pode até mesmo suspender o recesso de dezembro e janeiro. De perto, o vice-presidente Michel Temer acompanha os movimentos. Caso Dilma deixe o Planalto, é ele quem assume o comando do Brasil.
Já o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello classificou de “inimaginável” que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tenha deflagrado o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff após deputados do PT anunciarem que votariam pelo prosseguimento do processo de cassação do mandato do peemedebista. “Não se pode atuar dessa forma. A atuação deve ser independente”, afirmou o ministro.
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