O contrato emergencial de recuperação da BR-364, firmado pelo DNIT acaba no próximo mês e, a pedido do governador Tião Viana, o DNIT vai elaborar um projeto para reconstrução total da rodovia que, segundo o superintendente do órgão no Acre e Rondônia, Sérgio Augusto Mamanny, foi praticamente destruída pelo tráfego sem controle de caminhões acima do limite de peso determinado. Essa mesma denúncia foi feita pelo governador Tião Viana e agora recebe a confirmação oficial do órgão federal, que aponta descumprimento da portaria que limita a carga na estrada.
No dia 4 de dezembro do ano passado, o Departamento Nacional de Infra Estrutura e Transporte, o DNIT, publicou uma portaria para regulamentar o peso dos caminhões que trafegam na BR 364, entre Sena Madureira e Cruzeiro do Sul. Foi restabelecido o limite de peso máximo de 18 toneladas para carretas e caminhões trafegarem pelo trecho, com a intenção de evitar que a rodovia sofresse os impactos com o excesso de peso em áreas de solo frágil, como acontece na maior parte da extensão da estrada. A medida, apesar de ser editada a tempo, não funcionou como o órgão pretendia, e menos de trinta dias após de publicada, a estrada já mostrava os efeitos do excesso de carga.
Caso excepcional
O DNIT reconhece que a estrada, no Acre, é um caso excepcional no Brasil pelas características peculiares do solo, que não oferece resistência ao peso, devido à composição predominantemente sedimentar. Por isso, a manutenção é mais cara, os custos são maiores e não se aplica, no caso, os limites estabelecidos pelos órgãos de controle. Essa também sempre foi a posição do governo do Acre, que questiona a falta de conhecimento das instâncias avaliadoras sobre as condições geológicas do Acre.
Da mesma forma, o governo sempre questionou o tráfego de veículos pesados e, no tempo em que a rodovia esteve sob a jurisdição estadual, o controle para evitar excesso de peso era mais rígido. Essa foi a crítica que o governador Tião Viana fez ao movimento de comerciantes de Cruzeiro do Sul que questionam o estado da estrada, sendo que ele considera que são esses mesmos usuários que acabam por destruir o trabalho, limitando-se a cobrar, mas sem colaborar de forma racional para a conservação.
Carga pesada destrói obras na rodovia
Entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul, o trecho de 240 km foi o mais castigado pelos veículos de grande porte que chegam a transportar cargas de até 70 toneladas, e que acabaram por danificar a rodovia mais importante para a integração acreana.
Agora é o superintendente do DNIT, Sérgio Augusto Mamanny, que corroborou a posição sempre defendida pelo governo acreano, depois de analisar relatórios das equipes do órgão que monitoram o tráfego de veículos naquela região do estado.
A situação piorou muito há cerca de seis meses, quando o governo do Acre devolveu para o DNIT a responsabilidade sobre a BR 364 no trecho que corta seu território. Como a rodovia necessitava de manutenção, o DNIT contratou um consórcio de empresas para realizar as obras de conservação e pequenos reparos e dividiu a rodovia em trechos.
Foram credenciadas as empresas Colorado, Consórcio Meta MSN, Consórcio Gregório e a MSN Industrial LTDA, que juntas, receberam R$ 75,9 milhões. O serviço das empresas, segundo o superintendente, foi executado dentro do cronograma. Mesmo com o contrato acabando no próximo mês, as contratadas não chegaram a suspender as obras.
Mas quando começou o período chuvoso, o tráfego intenso de carretas, foi decisivo para a destruição de vários trechos da rodovia.
Recuperação
Agora, o DNIT, atendendo solicitação do governo acreano estuda soluções emergenciais e um projeto de reconstrução dos trechos mais críticos. “Estamos revisando o projeto para que seja feito um serviço de pedra jogada. Vamos levar pedra do Abunã para todos os trechos críticos. Isso aumenta em muitos os custos, mas no momento é a única medida que vai aliviar a situação”, explicou Mamanny. Ele admitiu que esse custo extra se deve ao descaso dos comerciantes e moradores do Juruá, que não respeitaram os limites para a conservação da rodovia.
O superintendente foi enfático ao ratificar as palavras do governador do Acre, ao afirmar que as carretas que transportam cargas para a região do vale do Juruá, são os maiores responsáveis pela destruição do asfalto.
Responsabilidade dos comerciantes do Juruá
“Usaram uma brecha na portaria, que permite a passagem de carga com peso acima de 18 toneladas em casos excepcionais. Todo mundo estava usando essa brecha para mandar mercadoria. Solicitei a Polícia Rodoviária Federal uma fiscalização mais rigorosa na balança do Bujari, e se ainda assim continuarem a forçar o tráfego desses caminhões, iremos relatar a situação ao Ministério Público Federal”, disse ele. Os donos da carga acima do limite podem ser responsabilizados judicialmente e obrigados a pagar altas multas que seriam revertidas no serviço de recuperação. É o que defende o governo acreano.
Sérgio Mamanny se reúne nesta quinta feira (7) em Brasília com a direção nacional do DNIT para apresentar o projeto de licitação para uma nova obra na 364, no Acre, de recuperação total da rodovia. A pedido da superintendência do DNIT no Acre e Rondônia, os engenheiros elaboraram um novo projeto para reconstrução total da rodovia, no trecho entre Sena Madureira e Cruzeiro do Sul.
fonte www.jornalatribuna.com