goleiro Bruno Fernandes de Souza e outros quatro réus começam a ser
julgados por júri popular, a partir desta segunda-feira, (19), pelo
cárcere privado e morte da ex-amante do jogador, Eliza Samudio, de 25
anos, em crime ocorrido em 2010.
sete jurados decidirão o destino dos réus no Fórum de Contagem, na região
metropolitana de Belo Horizonte (MG), no júri presidido pela juíza
Marixa Fabiane Lopes Rodrigues. A previsão é que o julgamento dure pelo
menos duas semanas
Segundo o Ministério Público, oito acusados, sob ordens de Bruno,
participaram do sequestro e desaparecimento da modelo, entre eles a
mulher e uma namorada do goleiro. A Promotoria acusa o jogador, que
atuava no Flamengo, de ter arquitetado o crime para não ter de
reconhecer o filho que teve com Eliza nem pagar pensão alimentícia.
Conforme a denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um
sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere
privado. Depois, a vítima foi entregue para o ex-policial militar Marcos
Aparecido dos Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo,
nunca encontrado. Bruno e os demais acusados negam.
O bebê Bruninho, que foi achado com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.
Do total de nove acusados, dois serão julgados separadamente –
Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza. Sérgio Rosa Sales,
primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido.
A polícia encerrou o inquérito com base em laudos que atestam a
presença de sangue de Eliza em um carro de Bruno, nos depoimentos de
dois primos que incriminam o goleiro, em sinais de antena de celular e
multas de trânsito que mostram a viagem do grupo do Rio de Janeiro até
Minas Gerais e em conversas de Eliza com amigos pela internet, nas quais
relata o medo que sentia.
Eliza também havia prestado queixa contra o atleta quando ainda estava
grávida, dizendo que ele a forçou, armado, a tomar abortivos. Ela ainda
deixou um vídeo dizendo que poderia aparecer morta se não tivesse
proteção.
Apesar de os primos de Bruno terem alterado as versões, os depoimentos
devem ser usados pela acusação no júri. Um deles, adolescente à época,
já cumpriu medida socioeducativa por atos análogos a homicídio e
sequestro. Ele foi o primeiro a delatar o goleiro, confessando ter
ajudado Bruno a levar Eliza ao sítio. O jovem contou que a vítima foi
entregue a Bola e que ele presenciou a morte. Dias depois, negou tudo.
O outro primo, Sérgio Rosa Sales, ajudou na reconstituição do crime,
mas foi morto com seis tiros, em agosto deste ano. Ele também chegou a
desmentir as acusações contra o goleiro, mas, em uma carta enviada por
ele aos pais, incluída no inquérito, relatou ter sofrido ameaça de
outros advogados para alterar o depoimento. À época, o advogado de
Bruno, Francisco Simim, negou qualquer pressão.
Defesa e acusação devem apresentar seus argumentos para tentar
convencer os jurados em mais de vinte horas de debates. Antes, serão
ouvidas 30 testemunhas, seguidas pelo interrogatório dos réus, que têm o
direito de permanecer em silêncio. Desde o início das investigações, em
junho de 2010, todos negam o crime, mas, a cada troca de advogados, as
declarações dos principais acusados mudaram.
Na primeira versão sobre o caso, ao ser questionado sobre a denúncia
anônima afirmando que Eliza havia sido morta, o goleiro disse que ela
deixou o filho com Macarrão, o amigo a quem chamou de "funcionário", e
que não a via havia dois meses. Mais tarde, seria divulgada a tatuagem
do amigo do goleiro: "Bruno e Maka. A amizade, nem mesmo a força do
tempo irá destruir, amor verdadeiro".
Bruno e Macarrão acabaram condenados pela Justiça do Rio em outro
processo por cárcere privado e sequestro de Eliza. Naquele julgamento,
em novembro de 2010, o goleiro disse que havia mentido na primeira
declaração a jornalistas e que encontrou Eliza no sítio. Em recurso, a
Justiça do Rio reduziu a pena para 1 ano e 2 meses, e o caso foi extinto.
Em março deste ano, o novo advogado de Bruno, Rui Pimenta, afirmou que o
goleiro admitiria no júri que Eliza está morta e que Macarrão teria
tomado a decisão de matar a jovem. Reportagem da revista "Veja",
em julho, afirmava que Bruno teria mandado uma carta para Macarrão usar
o "plano B", que seria assumir a culpa sozinho. A defesa de Bruno
confirmou a carta. A defesa de Macarrão nega esta versão, e a de Bola a
classifica como "suicida".
De posse de todos os depoimentos e provas apresentadas no julgamento,
os jurados devem se reunir em uma sala secreta para definir o veredicto
para cada um dos réus. Se considerados inocentes, saem livres do fórum.
Se culpados, as penas podem ultrapassar os 35 anos de prisão.
Pelo Código Penal brasileiro, ninguém permanece preso por mais de 30
anos. Com 2/5 de pena cumprida, por se tratar de crime hediondo, os réus
podem pedir progressão para o regime semiaberto, que deve ser decidida
pelo juiz com base no comportamento e antecedentes.
fonte g1
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