Após os tão esperados julgamentos de Gil Rugai e do ex-goleiro Bruno
que pararam o Brasil e ganharam bastante repercussão e cobertura da
mídia nacional, chega a hora de ser julgado o advogado e policial
militar reformado Mizael Bispo de Souza, acusado de assassinar Mércia
Nakashima.
Pela primeira vez no Brasil um júri será transmitido por emissoras de
rádio, TV e internet. Tendo início na manhã de hoje (11) e com previsão
para ser encerrado apenas no fim da semana, a promotoria tentará provar
a autoria de Mizael.
Relembre:Mércia
foi vista pela última vez viva em 23 de maio de 2010, após sair da casa
dos pais em Guarulhos, na Grande São Paulo. Preocupados por não
receberem notícia da advogada, parentes iniciaram as buscas por conta
própria. A ausência de resultados fez com que registrassem o
desaparecimento na Polícia Civil.
Policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)
começaram a investigar e ouviram, entre outros, Mizael. Ele foi até a
sede do órgão, no Centro de São Paulo, dias após o sumiço, mas saiu
rapidamente sem dar sua versão. Ele chegou a esquecer um documento de
identidade no edifício. A pressa chamou a atenção dos investigadores.
Em 31 de maio, o ex-PM foi novamente chamado para depor. Dessa vez
preferiu conversar com os policiais civis: contou que não sabia o que
havia acontecido com Mércia e que, no dia e na hora em que a ex-namorada
desapareceu, estava com uma prostituta em Guarulhos. A garota de
programa nunca apareceu.
Represa
O mistério do desaparecimento teve uma reviravolta quando, em 10 de
junho, o carro da vítima, um Honda Fit prata, foi encontrado por
bombeiros no fundo de uma represa em Nazaré Paulista, cidade vizinha de
Guarulhos. No dia seguinte, pela manhã, o corpo de Mércia foi
localizado.
Mércia foi enterrada em 12 de junho, no Cemitério São João Batista,
Centro de Guarulhos. Laudo feito pelo Instituto Médico Legal (IML)
indica que a advogada morreu afogada em 23 de maio após ter sido baleada
e desmaiado. Ela não sabia nadar.
Pouco depois, um pescador prestou importante depoimento à polícia. O
homem contou que, em 23 de maio, se preparava para pescar na represa
quando viu um carro ser abandonado nas águas. Ele contou que ouviu
gritos de "ai" antes de o carro submergir e que viu um homem alto, cuja
face não conseguiu enxergar.
No fim de junho, a Justiça decretou a prisão preventiva do vigilante
Evandro Bezerra Silva, de 38 anos. Ele era suspeito de ter se encontrado
com Mizael na noite do crime e de posteriormente tentar extorquir a
família de Mércia vendendo informações. Ele não compareceu ao depoimento
marcado no DHPP. Apesar de alegar inocência, ele foi preso duas semanas
depois em Sergipe e indiciado pelo crime.
Em 10 de julho foi a vez de a Justiça decretar a prisão temporária de
Mizael. A defesa do ex-policial afirmou que ele é inocente e
acrescentou que não iria se apresentar. Mesmo à revelia, é indiciado.
Dias depois, a Justiça suspende a prisão temporária e Mizael volta a
depor no DHPP; mais uma vez, nega a autoria do assassinato.
Em 27 de julho, a Polícia Civil concluiu o inquérito e pediu prisão
do ex de Mércia. No começo de agosto, o promotor do caso, Rodrigo Merli
Antunes, denuncia Mizael e Evandro à Justiça. A Promotoria também pede a
prisão dos acusados.
O juiz Leandro Cano aceitou a denúncia e decretou a prisão preventiva
de Mizael. Dias depois, porém, a Justiça revogou a decisão entendendo
que Mizael pode responder em liberdade. O vigia Evandro obtém o mesmo
direito e é libertado.
Provas
Agosto e setembro de 2010 foram meses importantes para a investigação
do caso Mércia. No dia 11, a Polícia Civil fez a reconstituição do dia
em que Mércia desapareceu. Segundo o delegado Antônio de Olim, que
coordenou a investigação, a vistoria serviu para reforçar as
contradições no depoimento de Mizael.
Vinte dias depois, a Polícia Técnico-Científica divulgou laudos e
informou que o sapato de Mizael tinha alga da represa de Nazaré
Paulista, onde corpo de Mércia foi encontrado. Essa evidência, porém,
não influenciou na decisão dos desembargadores do Tribunal de Justiça de
São Paulo, que em outubro decidiram manter Mizael e Evandro livres.
A Vara do Júri de Guarulhos, porém, decretou a prisão preventiva de
Mizael e Evandro em dezembro. Os dois não foram encontrados e tornam-se
foragidos. A defesa de Mizael tenta por diversas vezes em 2011 recorrer
da decisão, inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF), mas sem
sucesso.
Prisões
Após ficar mais de um ano foragido, Mizael se entregou em 24 de
fevereiro no Fórum de Guarulhos. Por ser reformado na PM, ele foi levado
para a Corregedoria da corporação e, depois, para o presídio militar
Romão Gomes.
O vigilante Evandro foi preso em Alagoas em junho. Ele foi mandado
para São Paulo e, no DHPP, contou que no dia do crime foi buscar Mizael
na represa. O vigia acrescentou, porém, que não sabia que ele havia
matado Mércia.
Acompanhe o julgamento através do link:
http://migre.me/dCRuM
*Com informaçõs do G1
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