O vice coordenador da Associação dos Deficientes Visuais (Adevi), Heliton Nascimento, critica o sistema de inclusão no ensino para pessoas com deficiência. Para ele, os alunos cegos ou de baixa visão não estão sendo estimulados a aprender braille.
Para o representante da entidade, o ensino do braille está sendo substituído pelo tocador Mecdaisy, um leitor de livros digitais. "A proficiência de ler e escrever está sendo deixada de lado, quando deveria ser colocada as duas opções e estimular a ler e escrever em braile", afirma. Para ele, quando o aluno só usa a opção dos livros digitais, ele não consegue identificar como uma palavra é escrita e os possíveis erros ortográfico. "Quem domina a tecnologia pode verificar os erros, mas não podemos deixar o braile de lado", disse.
Para ele, com a extinção dos centros, os profissionais que trabalham com a educação especial ficam sobrecarregados. "O aluno deixa de circular o centro e vai direto pra sala regular, mas como apenas um profissionais para substituir todo um centro que fazia estimulação precoce, ensino, como que ele vai dar conta?", questiona.
O vice coordenador também critica a postura do promotor de Defesa da Cidadania, Rogério Voltolini, que durante um evento realizado para discutir as políticas inclusivas teria utilizado termos pejorativos. "O promotor disse que ali não era espaço para reivindicar, que se quisesse eu poderia ir na promotoria dele. Antes disso ele se voltou de forma agressiva para a comunidade surda. Ele falou que algumas pessoas querem o retorno das antigas surdolândias. Esse é um termo muito pejorativo", afirma.
Nascimento não representa a comunidade surda, mas como membro de um conselho que luta por pessoas com deficiência, critica as ações do promotor, que ele acreditar ser parcial, defendendo as gestões estaduais e municipais, não atendendo os anseios da comunidade de pessoas com deficiência
O promotor de Defesa da Cidadania, rogério Voltolini, explica que antigamente existiam as escolas segregatórias, ou seja, os centros que ensinavam apenas para cegos ou surdos. "Com relação aos deficientes auditivos, no passado existia uma escola segregatória que alguns alunos ouvintes colocaram um apelido de muito mal gosto, chamaram de surdolândia. Um termo bastante pejorativo, bastante discriminatórios, e eu disse nesse evento que não permitiremos o retrocesso e que não deveria voltar a existir o que era chamado na época de surdolândia", diz.
O promotor defende que o libra seja ensinado nas escolas regulares, mesmo que não existam alunos com deficiência auditiva, e afirma que o projeto já está sendo implementado no município de Rio Branco. "Isso se torna necessário porque a única maneira de nós efetivamente incluir os surdos na sociedade é fazer com que o restante da sociedade consiga se comunicar em libras, enquanto isso não acontecer eles estarão fadados a viver em guetos", assegura.
Voltolini afirma que é necessário incluir o aluno com deficiência no ensino regular, dando mecanismos de equiparação. Para ele, a política de inclusão no Acre está no caminho correto. "Nós estamos indo muito bem, segundo um representante do Ministério da Educação, a inclusão escolar no Acre é a melhor em toda a região norte", diz.
O promotor nega que o ensino de braile esteja sendo menosprezado na educação, para ele estão sendo colocadas outras opções assistivas. "Antigamente só existia o braile, hoje novas tecnologias assistivas estão disponíveis, eles tem o direito de optar qual a melhor tecnologia que querem utilizar. Não existe a deficiência no ensino, existe a disponibilização de todos os recursos e tecnologias assistivas", defende.
Sobre as criticas a sua postura na promotoria e uma possível parcialidade, Voltolini afirma que as criticas são feitas por pequenos grupos com interesses duvidosos. "Essa promotoria age e sempre agiu em prol da melhoria das condições de vida das pessoas com deficiência e não pra atender interesses escusos de alguns grupos corporativos que aparentemente estão tentando se aproveitar da deficiência alheia", rebate.
fonte http://g1.globo.com
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