Katrícia lembra que os sintomas começaram quando ela estava no quarto mês de gestação, mas o fungo que causava olho seco, ardência e vista embaçada foi descoberto apenas um mês depois. Nesse tempo, porém, já havia avançado e a situação era irreversível. A professora precisou entrar na lista de espera por um transplante.
"Eu morava em Cruzeiro do Sul e lá os enfermeiros apenas me mandavam lavar o olho com soro fisiológico e diziam que os sintomas eram normais na gravidez, mas nada melhorava. Tentei marcar com uma oftalmologista na cidade, mas ela se recusou a me atender alegando que o olho muda muito quando a mulher está gestante", conta.
Katrícia decidiu, então, procurar um profissional em Rio Branco e descobriu a gravidade da lesão na córnea. A professora chegou a ficar dois meses trancada no quarto, pois não podia ter contato com luz, vento, poeira, animais ou plantas.
Durante o tratamento, ela disse que testou 15 colírios, pois o fungo se modificava. O único que funcionou precisou ser feito em uma farmácia de manipulação em São Paulo. O remédio custava R$ 380 e durava apenas 20 dias.
"Ela [médica] disse que não sabia como eu ainda tinha meu olho. A sensação que tinha era de estar com conjuntivite eterna. Meu olho coçava de manhã, tarde e noite. Eu não conseguia olhar para a luz ou sair de casa e tinha uma dor de cabeça infernal que nem consigo descrever. A médica tentou fazer o melhor pelo meu olho e o colírio combatia o fungo, mas eu não podia tomar nada para dor por causa do bebê", relata.
"Só o que eu podia fazer era aguentar a dor, usar o colírio e torcer para não piorar. Somente aos sete meses, quando tive o bebê, é que iniciaram a medicação antifúngica. Mas, como demorou muito, tanto para descobrir o fungo como para fazer o tratamento, já era tarde demais e a lesão foi muito grave. Tenho uma mancha branca na córnea visível a olho nu. Vejo apenas uma mancha branca quando tento olhar para as pessoas", lamenta.
Lente de contato causou fungo, diz médica
A oftalmologista Jaqueline Durço Paço, que acompanha o caso de Katrícia, disse que o fungo foi causado devido ao uso de lentes de contato. A médica explica que o objeto não pode ser guardado em locais muito frios ou úmidos que são propícios a proliferação de fungos. Em casos extremos, como o da professora, o paciente pode perder a visão.
"A Katrícia enfrentou uma série de fatores, como a gestação, demora para descoberta do fungo e a chegada do colírio manipulado. Quando ela chegou ao consultório a córnea dela estava tomada. Até disse que não prometeria nada, pois a situação era bem complicada", lembra.
Jaqueline explica que na maior parte dos casos, o tratamento consegue reverter a situação e combater o fungo. Porém, quando a córnea apresenta uma mancha branca o transplante é a única solução.
"Fiquei muito penalizada, mas não podíamos dar o remédio a ela, porque atrapalhava o crescimento do bebê. O problema todo é que o quadro já estava bem avançado. Depois que a córnea fica branca a única coisa que podemos fazer é acabar com a infecção e a dor, deixar a região estabilizada", finaliza.
fonte g1.globo.com
0 Comentários
Caros Leitores do Giro Feijó a seção de comentários e para quem quiser falar sobre as noticias aqui postadas ou quem tiver alguma reclamação , matéria e informação que queira nos passar, fica aqui este espaço aberto a toda a população.
Observação: nos do Giro feijo não nos responsabilizamos por comentarios de natureza ofensiva contra cidadãos ou politicos