Homem fica preso por 9 meses no lugar do irmão


Elessandro e Elidângelo de Pinho Silva são irmãos. Elissandro é salgadeiro e mora no Rio Branco, capital do Acre. Elidângelo estava em Brasília quando foi preso em flagrante acusado de tráfico de drogas.

Quando foi detido, Elidângelo cumpria pena em liberdade por outro crime e, por conta disso, no momento da prisão, apresentou aos policiais a certidão do irmão, Elissandro, que não tinha nada a ver com a situação.

Ele foi condenado e chegou a cumprir quatro anos de pena no presídio da Papuda em São Sebastião, região administrativa do DF, mas por bons comportamentos, conquistou o direito do saidão em dezembro do ano passado. Depois que saiu do presídio, Elidângelo não voltou mais.

Por conta disso, o TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios) emitiu um mandado de prisão para buscar o homem no Acre, mas como ele apresentou a certidão do irmão quando ao ser detido, quem foi preso desta vez foi Elissandro.
Ele foi preso e trazido para Brasília, onde ocupa o lugar do irmão desde janeiro deste ano. Quem descobriu o problema e demonstrou comoção com a situação foi a amiga da família, Nina Barros. Ela contou que o filho também cumpriu pena por tráfico de drogas no mesmo presídio e reconheceu Elessandro em um dia de visitas.
“Passei a visitar os dois na prisão e continuo vendo Elessandro uma vez a cada 15 dias, mesmo depois que meu filho foi solto”.

Atualmente, Nina é a ligação entre Elessandro e a mãe dele, que mora no Acre. Mesmo sem se conhecer, as duas ficaram amigas.
“A gente se fala todos os dias por telefone”.

Na última semana, uma decisão da justiça deixou a família de Elessandro mais animada. O juiz Ângelo de Oliveira determinou que o nome de Elidângelo passe a constar como condenado e, ao mesmo tempo, mandou que Elessandro seja levado de volta para o Acre, uma vez que não existe vínculo nenhum com a justiça do DF.

No Acre, a juíza Luana Campos quer, ‘com urgência’, uma audiência entre os 2 para resolver todas as dúvidas sobre a "real identidade" do condenado.

O advogado João Paulo Todde Nogueira, da comissão de Direitos Humanos da OAB-DF (Ordem dos Advogados do Brasil no DF), afirma que essa decisão deveria ter sido tomada há mais tempo e que os problemas gerados podem ser irreversíveis.

“Tinha que ter acontecido lá atrás, quando o homem errado foi para a cadeia. As digitais deveriam ter sido colhidas na hora para sanar qualquer tipo de dúvida”.
Elessandro, que tem esposa e seis filhos no Acre, que voltar para casa. Nina afirma que o rapaz está ansioso, triste e com esperanças.
“Tudo ao mesmo tempo. Qualquer um na situação dele ficaria confuso”.

Porém, para Nogueira, ele vai voltar para a terra natal e continuará preso até que tudo fique devidamente esclarecido.
“A Justiça do DF não passa nenhum detalhe sobre o trajeto e datas. Ninguém sabe como e quando a viagem será feita, mas de um jeito ou de outro a gente sabe que essa história começa a ser esclarecida”. (Gustavo Frasão / R7)

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