Descoberto por um astrônomo amador em fevereiro do ano passado, o
asteroide 2012 DA14 por pouco não vai atingir a Terra no mês que vem. No
próximo dia 15 de fevereiro, esta rocha espacial de cerca de 50 metros
de diâmetro vai passar a apenas 22 mil quilômetros da superfície do
planeta, menos de um décimo da distância da Lua, e dentro da região da
órbita onde estão localizados os satélites geoestacionários de
telecomunicações e meteorologia. Segundo os astrônomos, o asteroide não
apresenta risco de colisão imediato nem no futuro próximo, mas sua
passagem será acompanhada com grande interesse por apresentar uma
oportunidade única para estudar este tipo de objeto, refinar os modelos
usados para sua detecção e calcular a dinâmica de sua interação
gravitacional com a Terra.
— Estamos bastante animados com a
possibilidade de observar o asteroide com telescópios — conta Alexandre
Cherman, astrônomo da Fundação Planetário do Rio. — Ele vai passar a uma
distância que é ridiculamente pequena em termos astronômicos e recorde
na astronomia moderna.
Impacto provocaria devastação local
Segundo
Cherman, o fato de o 2012 DA14 ter sido detectado há um ano e sua
órbita já ter sido calculada com tamanha precisão é uma mostra da
evolução de nossa capacidade de rastrear este tipo de objeto, mesmo os
menores deles. Apesar do tamanho reduzido, caso estivesse em rota de
colisão com o planeta, o asteroide poderia causar estragos
consideráveis, que dependeriam de sua composição, velocidade, ângulo e
local de impacto. Em 1908, um objeto de dimensões semelhantes teria
explodido no céu sobre a desabitada região de Tunguska, na Sibéria, com
uma força estimada em 2,5 megatons, o equivalente a uma bomba
termonuclear de médio porte, derrubando ou destruindo 80 milhões de
árvores em uma área de aproximadamente 2 mil quilômetros quadrados. Não
seria um evento global como o do asteroide que, se acredita, exterminou
os dinossauros. Este tinha entre três e oito quilômetros de diâmetro e
liberou a energia de milhares de bombas nucleares. Mas seria mais do que
suficiente para devastar uma grande cidade, deixando um rastro de
milhões de mortos.
— Um objeto deste tamanho atinge a Terra uma
vez a cada 100 ou 120 anos, então estatisticamente já estamos passando
da hora — lembra Cherman. — Mas como 75% da superfície da Terra são de
água, o mais provável é que ele caísse sobre um oceano. E mesmo que
atingisse o solo, seria uma explosão considerável, mas com uma
devastação muito localizada.
Segundo o astrônomo do Planetário,
será difícil observar a passagem do asteroide no céu do Rio devido a sua
trajetória. Apesar de os cálculos indicarem que ele vai chegar a uma
magnitude entre 7 e 8, brilhante o bastante para ser visto com um
binóculo, o horário da aproximação máxima (17h30) e sua rota, entrando
na sombra do planeta, vão escondê-lo dos olhos dos cariocas. O 2012
DA14, porém, deverá voltar a se aproximar em 2020, quando novamente
passará a uma distância inferior à da Lua e sem risco de colisão.
Estratégias de sobrevivência
Caso
o 2012 DA14 estivesse em rota de colisão com a Terra, o conhecimento
prévio de sua existência e trajetória permitiriam à Humanidade tomar
medidas para evitar seus estragos. E para isso não precisaríamos chamar o
Bruce Willis. Segundo o astrônomo Alexandre Cherman, por ser
relativamente pequeno, o asteroide poderia ser destruído ainda no espaço
por um míssil nuclear comum.
— É só calcular posição e rota exatas e mandar bomba. Isso daria conta do recado — afirmou Cherman.
O
mesmo, no entanto, não poderia ser feito com objetos maiores, como o
Apophis, uma rocha de cerca de 270 metros de diâmetro que deverá chegar a
menos de 36 mil quilômetros do planeta em 2029, e muito menos com um
eventual gigante como o que exterminou os dinossauros, que estimavas
apontam colidir com o planeta a cada 100 milhões de anos. Isso porque o
míssil poderia simplesmente parti-los em vários asteroides menores, mas
ainda com tamanho suficiente para causar grandes estragos, efetivamente
transformando uma ameaça em muitas.
— Caso soubéssemos com
antecedência, o melhor, neste caso, seria provocar algum pequeno desvio
na sua trajetória de forma que ele “errasse” o planeta. Bastaria muito
pouco para tirá-lo da rota de colisão, e depois era só deixar a
gravidade atuar — conta Cherman.
E são muitas as opções em estudo
para desviar o asteroide. A primeira, que deverá ser testada pela
Agência Espacial Europeia (ESA) em 2020, prevê uma ação cinética, com
uma nave sendo enviada para se chocar com o asteroide e assim dar um
pequeno empurrão nele, tirando-o da rota de colisão com a Terra. Outras
envolvem os chamados “rebocadores gravitacionais”, naves colocadas em
órbita dos asteroides que aos poucos alteram sua trajetória, e as velas
espaciais, que usariam a força do vento solar com a mesma finalidade. E
também há ideias menos ortodoxas, como a de pintar o asteroide de branco
e aumentar sua reflexividade, aumentando em consequência a força
exercida sobre ele pela luz solar e, mais uma vez, mudando sua rota.
fonte etraglobo.com
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