Os sobreviventes do supertufão Haiyan foram esmagados após uma parede cair em cima de pessoas que tentavam alcançar a distribuição de sacos de arroz
Ao menos oito pessoas morreram nesta quarta-feira durante uma briga por comida na província de Leyte, uma das regiões atingidas pelo tufão Haiyan nas Filipinas. Segundo a rede CNN, as pessoas se aglomeravam para receber sacos de arroz quando, por causa da pressão da multidão, uma parede desabou sobre as vítimas. As mortes levantaram novas críticas contra a forma como o governo filipino está tratando a tragédia. Os sobreviventes acusam as autoridades de negligenciar ajuda às áreas remotas, enquanto os políticos seguem apontando adestruição da infraestrutura do país como principal empecilho para as equipes de resgate.
“Eu não acho que isso seja culpa de ninguém. Acredito que tudo se deve à geografia do país e à devastação”, disse o porta-voz da Unicef, Christopher de Bono. De acordo com a CNN, poucos grupos de ajuda realmente organizados foram vistos distribuindo suprimentos para as vítimas do Haiyan. O secretário de gabinete, Rene Almendras, disse à rede BBC que o governo filipino está sobrecarregado com as demandas que surgiram após o desastre. Almendras afirmou, ainda, que o país está lidando “muito bem” com os efeitos provocados pelo fenômeno.
Segundo a rede BBC, os primeiros sinais de que os sobreviventes serão atendidos de forma adequada partiram da comunidade internacional. Os aviões americanos designados para a região começaram a pousar nesta quarta-feira no aeroporto de Tacloban, a cidade mais atingida pela tragédia. Os suprimentos estão sendo colocados em helicópteros que partirão para áreas em que o acesso por terra é impossível. Além disso, os enviados franceses e belgas montaram os primeiros hospitais de campanha na região. A estrada que liga a capital do país, Manila, até Tacloban também foi liberada para uso dos veículos de resgate.
O jornal The Guardian, no entanto, aponta que o governo ainda não tomou nenhuma atitude para resolver a questão da decomposição de corpos que estão empilhados nas ruas de Tacloban. Embora especialistas atestem que os corpos não são a principal ameaça à saúde dos sobreviventes do Haiyan, os danos psicológicos que as cenas podem causar são graves. “Eu vi gente morta nas ruas e nas calçadas. Aquilo me deixou assustado”, disse Rastin Teves, de apenas nove anos. Já Juan Martinez, que está morando em uma barraca improvisada, espera que as autoridades possam recolher o corpo de sua mulher e seus dois filhos que estão cobertos por sacolas plásticas. “Eu quero saber para onde as vítimas estão sendo levadas.”
Tensão – Conforme aumenta o desespero dos sobreviventes que ainda não receberam água potável e mantimentos, as autoridades tentam evitar que uma onda de violência se espalhe pelo país. A BBC informou que tiros foram disparados em determinadas áreas nesta quarta-feira, enquanto um garoto acabou esfaqueado no estômago. “Esta é a maior operação logística da história das Filipinas. Nós nunca fizemos nada parecido com isso antes”, disse Almendras.
As autoridades filipinas elevaram para 2 275 o balanço provisório do número de mortos após a passagem do supertufão Haiyan pelo país. O último relatório divulgado pelo órgão de gestão de desastres do governo também traz o número de 3 365 feridos. Na terça-feira, o presidente Benigno Aquino III revisou a estimativa inicial de 10 000 mortos para 2.500. Ele afirmou que a conta estabelecida pelas autoridades regionais era “muito alta”, mas não deu maiores detalhes sobre como o governo fará para identificar as vítimas em regiões mais abastadas
Tufão Tip
Ele é considerado por alguns o maior e mais intenso ciclone tropical já observado. Seus picos de vento atingiram 300 quilômetros por hora. Formado no Oceano Pacífico em outubro de 1979, ele chegou ao sul do Japão no dia 19 e provocou 86 mortes. O Tip também foi um dos ciclones mais vigiados: a força aérea americana enviou cerca de quarenta missões para estudá-lo. O diâmetro das tempestades atingiu 2 220 quilômetros, quase metade do tamanho dos Estados Unidos.
Fonte:http://veja.abril.com.br