Acre registra média de 96 mulheres com câncer no útero por ano

Câncer de colo de útero  (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Desde a sua fundação em 2007, o Hospital do Câncer do Acre já atendeu 2.709 mulheres diagnosticadas com diversos tipos de câncer. Destas, 30% (824) deram entrada para tratamento contra o câncer de colo de útero, de acordo com levantamento feito pela própria unidade. A média anual de mulheres que apresentam o diagnóstico é de 96
Somente no ano de 2013, das 791 pacientes admitidas na unidade, 103 apresentaram câncer de colo de útero confirmado. Segundo a médica oncologista Nara Andrade, os dados relacionados a esse tipo específico de câncer é bastante elevado na região norte. “Para se ter uma ideia, o câncer de mama aqui no Acre ocupa 22% das pacientes e em qualquer lugar do mundo, ele é o primeiro lugar de incidência nas mulheres”, aponta.
Outro dado considerado alarmante para a médica, é que de todas as admissões das pacientes com esse tipo de câncer, 46% só chega à unidade de saúde no terceiro estágio da doença, ou seja, quando está localmente avançada. Nara afirma que tal fator está intimamente relacionado à falta de conscientização no que diz respeito ao problema. “É muito grave, porque é uma doença que a gente tem formas de prevenção”, diz.
Dentre as formas de transmissão, a oncologista explica que o câncer de colo uterino é causado quase que em todos os casos pelo vírus HPV, papiloma vírus humano, por meio das relações sexuais. O que pode ser prevenido com a utilização de preservativo.
Além disso, a oncologista fala da importância dos exames preventivos na vida da mulher. “Desde que a mulher começa a ter relação sexual, ela tem que fazer o exame Papa Nicolau. E esse exame está no esquecimento. A maioria só vai fazer quando está na gravidez, porque vai fazer o exame ginecológico e acaba coletando. Se isso não acontecer, não vão”, adverte.
A médica aponta ainda que esse elevado índice de câncer de colo de útero, em relação ao na mama, por exemplo, justifica-se pela iniciação sexual das pessoas ser cada vez mais cedo. “Aqui na região Norte, a iniciação sexual começa muito antes. Essa iniciação, quanto mais precoce ela ocorre, maior a probabilidade de adquirir o vírus e de ter a doença mais cedo”, acrescenta.
Antecipada essa iniciação sexual, de acordo com o levantamento feito pelo Hospital do Câncer do Acre, o número de casos da doença se intensifica a partir dos 30 anos de idade das mulheres.“Nessa idade que era para a mulher estar começando a ter filho e nessa faixa etária, ela está fazendo o diagnóstico da doença. Se for olhar na literatura, o câncer de colo uterino ocorre acima de 50 anos, mas aqui a gente tem a partir de 30 anos”, comenta.
No que diz respeito à mortalidade, a médica diz que esse tipo de câncer é totalmente possível de prevenção, quanto antes for diagnosticado. Dentre o momento em que a mulher adquire o HPV e desenvolve a doença é de aproximadamente dez anos. Segundo Nara, a preocupação é grande devido ao nível de mortalidade. A média de vida daquelas que descobrem a doença quando estão no terceiro estágio é de apenas 3 anos.
“Eu acredito que a população não tem a educação de ir ao médico quando não se está doente. A conscientização passar por aí. Precisa-se ir ao ginecologista, marcar uma consulta, fazer um preventivo, antes mesmo da relação sexual”, acrescenta.
Vacinação
A vacina contra o vírus do HPV é também uma das opções de prevenção do câncer de colo de útero. No Acre, uma campanha de vacinação deve começar a partir do dia 10 de março. A expectativa da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e do Ministério da Saúde (MS) é imunizar 23 mil meninas, dentro da faixa etária de 11 a 13 anos
De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Imunização, Ivan Galvão, a campanha vai ter os 30 primeiros dias de período de implantação, devendo terminar em meados do mês de abril. Porém, após a campanha a vacina entra na rotina de serviços oferecidos pelo estado “O adolescente que não conseguir se vacinar nesse período pode procurar qualquer unidade básica de saúde, que vai estar disponível”, explica.
van afirma ainda que o pontapé inicial da campanha no Acre vai ser em parceria com as escolas públicas e privadas, que contemplem o público-alvo da imunização. Um agendamento nas instituições de ensino será realizado pelas unidades básicas, para definir a ordem de visita. Além disso, a vacina  será disponibilizada nos postos de saúde 
fonte g1