Com 110 kg distribuídos por 1,67 m, a modelo plus size Beatriz Regina, de 20 anos, fala que se sente super bem com o seu corpo. Mesmo com a "ditadura" da magreza, a acreana diz ser muito mais do que três dígitos em uma balança. Com um sorriso sempre no rosto, ela afirma que seu tamanho não influencia na sua alegria e nem muito menos na beleza. E no Dia do Gordo, comemorado nesta quinta-feira (10), ela diz como passou a modelar.
Beatriz conta que, com a ideia de fotografar para o mundo da moda voltada a tamanhos grandes, ela aumentou ainda mais sua autoestima e também percebeu uma forma de ajudar outras moças que, como ela, não se enquadram em padrões que considera “ditados pela sociedade”.
A jovem lembra que ao ingressar no segmento voltado às gordinhas, ouviu de outras pessoas que elas nunca teriam coragem de mostrar o corpo usando biquínis. “As pessoas pensam que modelos têm que ser magrinha. Eu tenho coragem de mostrar o meu corpo. Minhas curvas me fazem bem mais feliz”, garante.
Há dois anos, ela fez um curso de modelo profissional, mas não tinha participado de desfiles por se sentir diferente no meio de tantas meninas magras. “O convite surgiu quando fui fazer compras em uma loja para gordinhas. A partir daí, começaram a surgir mais possibilidade. Sempre tive vontade de ser modelo, pois sempre fui de mostrar que não tenho vergonha de ser desse tamanho”, revela.
De acordo com a modelo plus size, o maior apoio vem do marido. “Ele me ama e me aceita como sou. Está sempre ao meu lado e, principalmente, é quem sempre diz o quanto sou linda. Ele não tem problema com as fotos que tiro. Para ele, é como se sentisse orgulho por eu me amar tanto”, diz.
Beatriz conta que já tentou várias vezes emagrecer, mas afirma que tem dificuldade. Segundo ela, as dietas sempre a forçaram a comer o que ela não gosta e que com isso, acaba desistindo no meio do caminho. Porém, ela se diz apta às caminhadas e procura se manter o mais saudável possível.
“Meu peso não influencia na minha saúde. Me sinto muito bem, não vivo cansada e sempre faço caminhadas. Procuro estar com exames em dia e até hoje todas as taxas são normais, de colesterol, glicose. Isso prova que nem sempre você ser gordinho é sinal de doença”, afirma.
Psicóloga fala sobre a importância de se aceitar
A psicóloga Fernanda Saab diz que o importante é se sentir bem com o seu próprio corpo, mesmo se estiver acima do peso. Ela explica que é preciso estabelecer a forma de como viver bem. A médica fala ainda que muitos pacientes a procuram para adquirir uma autoconfiança, para se aceitar da forma que são.
“A nossa dica é que a pessoa procure viver bem e ser feliz do jeito que é. E caso não consiga ser feliz assim, é importante que procure uma forma de ficar satisfeito. Muitas vezes é fazendo uma cirurgia bariátrica ou até mesmo buscar outras alternativas para emagrecer. Sugiro também um tratamento psicológico para conseguir se sentir melhor”, explica.
‘Tamanho não significa ter saúde ou não’, diz nutricionista.
De acordo com a nutricionista e especialista em obesidade e emagrecimento, Katiane Oliveira, nem sempre ser gordinho significa que a pessoa está doente, assim como ser magro significa estar saudável. Segundo ela, é preciso avaliar todo um conjunto psicossocial e levar em consideração a qualidade de vida da pessoa.
Sobre o fato da modelo plus size Beatriz Regina ter todas as taxas normalizadas, a nutricionista explica que existem pessoas que têm pré-disposição genética para ter sobrepeso. Além disso, ela ressalta que pode ser por uma questão hormonal.
“O que temos que levar em consideração é a qualidade de vida do paciente. Verificar se tem uma alimentação saudável, porque existem casos de pessoas que tem uma alimentação regrada, mas tem sobrepeso. Na verdade não é só uma alimentação desregrada que faz desencadear uma obesidade, mas uma série de outras questões”, afirma a nutricionista.
Com relação às pessoas com sobrepeso passarem por vários nutricionistas e não conseguirem emagrecer, como é o caso da Beatriz, a especialista diz que é importante perceber de que forma está sendo tratada a questão do emagrecimento.
“Muitas vezes a gente se depara com essas dietas da moda, elas são muito restritas e não há condições de uma hora para outra a pessoa mudar o hábito alimentar. É preciso que os gostos estejam presentes na dieta, como as frutas de que a pessoa gosta, verduras e outros alimentos. É uma reeducação alimentar, que não pode ser feita do dia para a noite”, conclui.
fonte g1