Mais de mil pessoas que recebem benefícios da Previdência Social (INSS) estão sem fazer perícia devido à greve dos médicos peritos. A paralisação, deflagrada no dia 4 de setembro de 2015, já dura mais de 120 dias no Acre. Segundo um servidor do INSS, que prefere não se identificar, a greve dos peritos tem prejudicado os segurados e é "uma falta de respeito" com a sociedade.
Ele afirma que o serviço dos médicos peritos não foi normalizado mesmo com uma decisão nacional de que a greve da categoria é ilegal. "A greve deles é ilegal. Tanto, que existe uma recomendação nacional de corte de ponto. Só que tem médico que voltou e outros que não apareceram. Estamos totalmente sem informações. O INSS não foi notificado sobre a decisão da categoria se acabaram ou não a greve. Garanto que os atendimentos não estão normalizados", afirma.
Sobre a ilegalidade da greve, o servidor do INSS explica que quem decretou a paralisação dos peritos foi a Associação Nacional dos Peritos Médicos, e que deveria ter sido a federação.
Para a Justiça, uma associação não tem categoria a nível nacional. Quem teria que chamar a greve seria a federação, só que a federação dos peritos médicos não se posicionou. Há um impasse entre a associação e federação. O INSS recorreu à Justiça, porque não reconhecia a associação como de direito para fazer uma greve", explica.
O INSS passou a descontar os dias parados dos grevistas, depois que o Superior Tribunal de Justiça anulou uma decisão que impedia o corte do ponto. "Até o dia 26 de novembro de 2015, o movimento dos peritos foi considerado greve e depois dessa data, passou a ser falta injustificada", afirma o servidor.
A beneficiária do INSS Priscila da Silva Costa, de 32 anos, não recebeu seu auxílio doença no mês de dezembro porque está com a perícia médica vencida. Ela conta que recebe o benefício há mais de um ano, quando descobriu um câncer de mama.
"Em novembro venceu meu processo, vim para a perícia no início de dezembro e eles remarcaram por conta da greve. Então, fiquei dezembro inteiro sem receber. Minha consulta foi remarcada para esta quarta [6] e estou aqui aguardando atendimento. Disseram que tem um médico perito atendendo. A esperança é que dê certo, e eu consiga receber retroativo", diz.
O G1 entrou em contato com o representante regional da Associação Nacional dos Médicos Peritos em Previdência Social no Acre, Murilo Batista, por mais de uma semana e não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O gerente executivo do INSS no Acre, Elias Evangelista, também não foi encontrado para comentar sobre a greve.
Entenda o caso
Os servidores do INSS entraram em greve no dia 10 de julho. Inicialmente, eles pediam além da reposição salarial de 27%, que o salário fosse fixo e a gratificação de 30%.
A categoria também pedia melhor estruturação nas agências do estado.
Já os peritos, exigiam reposição salarial de 27,5% em duas parcelas, a reestruturação da carreira, o fim da contratação de peritos terceirizados e a garantia de 30 horas de trabalhos semanais. Além disso, pediam mais segurança nas agências.
No dia 24 de setembro, os servidores do INSS decidiram pela suspensão da greve, após conseguirem reposição das perdas salariais em dois anos, com a primeira parcela em agosto de 2016 e a segunda em janeiro de 2017, além da incorporação da gratificação ao salário. Porém, os peritos continuaram a paralisação.
Ao todo, o órgão possui no Acre sete agências e duas unidades de atendimentos, distribuídas nos municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Tarauacá, Feijó, Sena Madureira, Rio Branco,Xapuri e Brasileia.
fonte Do G1 AC