Segundo o Zoológico Municipal de Bauru, responsável pela necropsia do réptil, a sucuri, que tinha 4,2 metros, atacou e engoliu uma onça parda de pouco mais de um metro de comprimento e 42 quilos.
Ambos os animais são considerados carnívoros que estão no topo da cadeia alimentar. Para um dos pesquisadores que realizou o trabalho, o fato trará “mudanças significativas” na forma como se analisa a predação entre as duas espécies carnívoras.
A sucuri foi encontrada acidentalmente, já que a onça era monitorada por um radar, colocado pela ONG (Organização Não Governamental) Pró-Carnívoros. Ao perceberem que o sinal estava imóvel, funcionários da AES Tietê, empresa parceira da ONG no projeto, foram até o local imaginando que o animal tinha morrido.
Ao chegarem lá, visualizaram que o sinal vinha de uma área de brejo. Identificaram, então, a cobra agonizando. O animal foi levado ao Zoológico de Bauru. “Houve tentativa de salvar o animal, mas, quando ele chegou, já tinha morrido”, conta Luiz Pires, responsável pelo zoológico de Bauru e um dos autores do artigo.
“Quando fizemos a necropsia, identificamos os restos da onça, já parcialmente digerida, no estômago da sucuri”, conta ele, ressaltando ainda que também foram localizados o colar e o brinco de identificação do animal.
O caso foi publicado nesta semana pela Cat News, publicação do Grupo de Especialistas em Felinos do Comitê de Sobrevivência das Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza.
“Há relatos de sucuris que já se alimentaram de jacarés, capivaras e até pequenas jaguatiricas. Mas nunca uma onça parda. Embora o contato entre esses dois predadores seja muito raro, a pouca documentação existente mostra que a sucuri já tiPires acredita agora que, com esse fato inédito registrado, surgirão novas pesquisas para demonstrar se o comportamento da sucuri pode ter sido motivado por mudanças no ecossistema ou se trata-se de uma situação excepcional. “Não é possível responder a essas perguntas, mas novas pesquisas certamente irão se debruçar sobre esse tema”, conta.nha sido a presa, mas nunca a predadora”
De acordo com Sandra Cavalcanti, pesquisadora e presidente da Pró-Carnívoros, a publicação do artigo demonstra a importância do trabalho de monitoramento. Ela conta ainda que hoje quatro onças são monitoradas com colares. Assim é possível monitorar também a qualidade do meio ambiente no local onde a onça vive. “Temos dados sobre a movimentação das onças e também das presas que ela come. Assim, podemos analisar se o ecossistema no qual ela vive está preservado”, explica.
fonte www.ac24horas.com
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