Consulado apura suposto sequestro de menor por policiais bolivianos

O Consulado do Brasil em Cobija, capital do departamento de Pando, na Bolívia, investiga o suposto sequestro de um menor de 16 anos por policiais bolivianos, no início deste mês, no município de Brasileia, distante 232 km da capital Rio Branco. O adolescente seria suspeito de cometer assaltos na cidade boliviana e ainda está no local.
A autônoma Raynara Misma, de 29 anos, tia do adolescente, conta que o irmão foi apreendido pelo crime no dia 12 de agosto em Cobija, cidade que faz fronteira com Brasileia. No entanto, ele conseguiu fugir do abrigo no último dia 2 e passou para o território brasileiro.
A tia diz que durante a fuga, já no lado brasileiro, o adolescente entrou em uma casa e a polícia brasileira foi acionada. Na delegacia, por não haver nenhum mandado em aberto, a família foi comunicada para buscar o jovem. A informação foi confirmada pelo delegado da cidade, Roberto Lucena.
"Nós estávamos indo buscá-lo. Meu irmão disse seis policiais chegaram, o colocaram dentro do carro e passaram para o lado boliviano. A gente quer justiça, porque cometeram um crime e invadiram o território. Poderiam ter feito da maneira correta. Foi uma falta de respeito", reclama.
Para chamar a atenção das autoridades, a família chegou a fechar a ponte Wilson Pinheiro, que liga o Brasil a Bolívia, na última terça-feira (12), pedindo que o consulado se manifeste em relação ao caso.
A vice-cônsul do Brasil em Cobija, Rosângela Vanderlei, afirma que o órgão está investigando o caso e que, ainda nesta quinta-feira (15), deve notificar o Itamaraty sobre a entrada da polícia boliviana na cidade brasileira. Além disso, o consulado deve enviar uma carta à Defensoria do Povo de Cobija, que trata sobre direitos humanos, para comunicar o ocorrido.
"Acontece de prenderem as pessoas e não darem conhecimento ao consulado. A polícia foi a Brasileia e sequestrou o menino, ficamos sabendo bem depois. Eles não podem entrar na cidade e pegar as pessoas. Isso é muito errado. É a mesma coisa de um sequestro", afirma Rosângela.
Raynara fala que chegou a visitar o irmão e que ele tem sofrido agressões físicas no local. "A boca dele estava cortada, os pés e mãos bem feridos devido às algemas. Ele me disse que não davam alimentos e estavam raspando uma tatuagem dele. As costas também estavam cheias de feridas. Queremos que pelo menos o transferiam para o Brasil", ressalta.
Parentes fazem uma série de protestos na ponte que liga Brasileia a Cobija (Foto: Alexandre Lima/Arquivo pessoal)
A vice-cônsul acrescenta que, nesta quinta, uma advogada deve ser enviada até a pousada, onde o menino está apreendido, para verificar o estado de saúde físico dele também. "Não estávamos sabendo sobre a questão dos maus-tratos. Nossa advogada vai ao abrigo para ver isso. O caso dele é prioritário para vermos um jeito de tirá-lo de lá o mais rápido possível", finaliza.
fonte g1.globo.com

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