Quase metade da população carcerária do Acre é formada por jovens entre 14 e 24 anos, aponta estudo

O neto da aposentada Joana Rodrigues Teixeira, de 82 anos, foi apreendido pela primeira vez aos 14 anos por se envolver com drogas.
Dos 14 aos 21 anos, Jairo da Silva Cordeiro, atualmente com 22 anos, passou por diversos centros socioeducativos de Rio Branco, atingiu a maioridade dentro do presídio e atualmente cumpre pena por roubo na unidade prisional da cidade de Senador Guiomard, interior do Acre.
Ele está entre as 5.364 pessoas privadas de liberdade do Acre, segundo apontou um levantamento do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). O estudo, divulgado em dezembro do ano passado, mostra que o Acre é o estado em todo país com maior número de presos jovens com menos de 25 anos.
Ao todo, 45% dos presos no estado acreano estão entre a faixa etária de 18 a 24 anos. O estado aparece no topo do ranking acompanhado do Amazonas, Pará, Espírito Santos, Pernambuco e Sergipe.
"Começou pela pousada com 14 anos por causa de drogas. Foi solto umas quatro vezes, foi para outras pousadas e agora está no presídio. Toda vez que ele saía acabava aprontando. Foi transferido ano passado para Senador Guiomard. Visitava ele e agora quem vai de dois em dois sábados é minha filha", relembra Maria.
O jovem foi criado pela avó desde criança, logo após os pais se separarem. O pai de Jairo e filho de Joana não deixou a mãe levar o garoto embora e a avó passou a cuidar dele. A família mora na Baixada da Sobral, em Rio Branco.
A aposentada diz quando visitava o rapaz no Presídio Francisco d'Oliveira Conde (FOC) levava alimentos, roupas e conselhos para o jovem mudar de vida. O rapaz é pai de um menino de 5 anos, que recebe assistência da família na ausência do pai.
"Agora não vou mais. No começo era muito humilhada porque antes tinha que ser examinada e agora em Senador Guiomard colocam um aparelho para ver, não tiram mais a roupa da gente. Mesmo assim, nunca abandonei ele. Estou muito idosa para andar assim. Ele mesmo pediu para eu não ir", diz.
Além do sofrimento de ver o filho de criação preso, Maria precisou enfrentar a prisão de mais dois netos, todos na mesma faixa etária. "Um deles está em casa. Foi preso ainda quando era menor. O outro não tenho mais tanto contato, mas sei que está preso", lamenta.
Joana lembrou ainda do sofrimento quando o neto foi preso pela primeira vez. "Chorei muito, agora não choro mais. Sofri muito no começo, sofri até mais que a mãe dele. O coração está mais tranquilo hoje, de um certo modo", finalizou.
fonte  g1.globo.com

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