O
Ministério Público do Estado está pedindo a exoneração de 12 oficiais
que entraram “pela porta dos fundos” da Polícia Militar do Acre. Seis
capitães contratados em 1995 sequer foram aprovados na primeira fase do
concurso – o mais importante aberto pelo governo Orleir Cameli, quando
34 oficiais ingressaram no serviço público. Outros cinco foram
eliminados nos exames psicotécnico e físico. Dois candidatos nem mesmo
foram inscritos no processo de seleção.
Todos, no entanto,
apareceram na lista de classificação que, de acordo com o MPE, “nenhum
matemático é capaz de decifrar”. Noventa por cento dos réus estão na
ativa e já foram promovidos a majores. A promotora Valdirene Cordeiro,
autora da denúncia, pede a nulidade das nomeações e que, também no
mérito, todo o dinheiro que eles receberam como salário seja devolvido,
devidamente corrigido, à Fazenda Pública.
Um dos réus faleceu há
dois anos e a família dele, que recebe os soldos, permanece como ré na
ação que corre na Segunda Vara da Fazenda Pública. A Ação Civil Pública
revela que o Comando-Geral à época, que tinha à frente o então
tenente-coronel Aureliano Pascoal, adotou o critério do “aproveitamento”
para o “ingresso espúrio” de candidatos inaptos. A denúncia cita
vários exemplos de que candidatos que foram “convidados” a se tornarem
oficiais da PM.
“Todos trilharam a carreira de policial
militar, desde aspirantes, segundo tenente, primeiro tenente, até os
dias hoje na folha de pagamento do governo”, destaca a ação, que nega
haver qualquer direito adquirido e entende serem inconstitucionais todos
os atos de promoção destes oficiais. Os quer foram “aproveitados”, diz
a denúncia, o foram “de forma ilegal, imoral, porque o seu ingresso na
PMAC mão se deu de acordo com a norma constitucional brasileira”.
Alegando
problemas de saúde, Aureliano Pascoal, que está na reserva e responde
por improbidade administrativa, pediu para ser ouvido nesta manhã
durante audiência de instrução e julgamento. Nilson Dias Barbosa, atual
coronel da reserva e à época presidente da Comissão do Concurso,
compareceu ao lado do ex-comandante. Para o MPE, Nilson “homologou a
fraude”.
Ao
Agazeta.net,
Aureliano tentou justificar as contratações: na época, havia uma
dificuldade muito grande para promover e capacitar nossos militares.
Lembro que o governador tinha muita boa vontade para judar a nossa PM.
Essas pessoas foram encaminhadas para cursos de formação fora do Acre e
voltaram devidamente capacitadas e até hoje exercem dignamente suas
funções. Portanto, eu acredito na imparcialidade da justiça e estou
tranquilo sobre esse assunto”.
Cerca de 17 réus deixaram de
comparecer ao Fórum barão do Rio Branco nesta terça-feira. Ainda assim, a
audiência transcorreu normalmente. Parte da defesa alega prescrição da
ação, uma tese que, de acordo com alguns juristas, não passe de
estratégia para ganhar tempo. A promotora Valdirene Cordeiro reafirmou
suas convicções sobre a contratação e promoção irregulares dos oficiais e
reafirmou que as provas de fraude no concurso da PM são robustas.
fonte gazerta net
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