A onda de violência que assusta a população de Sena Madureira já fez com que alguns médicos deixassem o município. Os moradores vivem aterrorizados com a proliferação de bandidos de todas as idades, assaltando as residências e estabelecimentos comerciais.
Durante uma reunião ocorrida na manhã desta segunda-feira (11), solicitada pela deputada Toinha Vieira (PSDB), a diretora geral do Hospital João Câncio Fernandes, Dora Holanda, o diretor administrativo, Michael Kelles, e o diretor de Assistência à Saúde, José Hassem, disseram que estão com medo de continuar trabalhando no local, que nos últimos meses vem sendo atacado por bandidos.
Outros servidores do João Câncio, contam que estão trabalhando movidos a tranquilizantes. “Esses dias um rapaz teve que dormir com o celular dentro da cueca para não ser levado pelos bandidos. Outras pessoas, até mulheres, estão usando está tática para proteger seus pertences”, conta um servidor.
E emenda: “Não consigo trabalhar em paz, estou sempre pensando que a qualquer hora os bandidos vão entrar aqui dentro e matar alguém, por isso venho tomando comprimidos de rivotril há alguns meses”, disse um servidor.
Francisco Barbosa, 55, que trabalha há 33 anos no hospital de Sena, disse que além da falta de segurança, o local não tem nem mesmo medicamentos básicos, como dipirona. “Está aqui uma receita que o paciente teve que comprar o medicamento. A coisa aqui está feia”, revela.
A deputada Toinha Vieira sugeriu a instalação de cerca elétrica no muro do hospital, e câmeras de vídeos nos pontos mais estratégicos. “As pessoas que trabalham, e que são internadas aqui, estão em pânico. Tem gente dormindo com o celular dentro da cueca com medo dos bandidos”, disse a parlamentar.
Desde o começo deste ano, pelo menos dois notebooks foram levados de dentro do hospital João Câncio Fernandes. “Isso sem contar com aparelhos de celular, lençóis, roupas, sapatos de pacientes e outros objetos do próprio hospital”, conta um servidor.
Há cerca de duas semanas, um agente penitenciário sacou um revólver dentro do ambulatório do hospital e ameaçou atirar em um médico. Quem assistiu a confusão foi o servidor Marcos Vieira, 30 anos. “Tudo começou quando o agente disse que o médico estava costurando a mão do seu irmão com a linha errada”.
Ele diz que a Polícia Militar foi acionada, mas não conseguiu conter o policial, que estava acompanhado de dois irmãos e de seu pai. “Tiveram que pedir reforço para poder controlar a fúria do agente”, diz.
No local, só existe uma pessoa que atua como vigilante armado, o que facilita a entrada dos bandidos. “Vou reunir com a secretária de Saúde, Suely Melo e com os responsáveis pela segurança pública para pedir que disponibilizem alguns policiais militares para ajudar na segurança dos pacientes e servidores do hospital”, adianta Dora Holanda.
Um dos bandidos presos em flagrante dentro do hospital, conhecido como “Pimbão”, entrou no local vestido com roupa branca e já estava saindo com vários objetos quando foi contido pelos funcionários, que logo depois chamaram a polícia.
Em tom de desabafo, o médico José Hassem disse que está se sentindo ameaçado. “Este problema não afeta somente o hospital João Câncio Fernandes. A violência tomou conta do nosso município, Até a Igreja Católica foi assaltada”, diz.
deputada Toinha Vieira diz que já foram realizadas várias audiências e debates sobre a violência em Sena Madureira, mas que até o momento, o problema só tem aumentado.
José Ribamar Nascimento Souza, 56 anos, morador do Segundo Distrito, disse que uma amiga estava internada no hospital de Sena e teve seu celular furtado enquanto dormia.
“Não temos mais sossego. Nem na rua, nem em casa e nem no hospital. Aqui no nosso bairro está um terror. Na semana passada, dois policiais tiveram que sair correndo (do Segundo Distrito da cidade) para não serem mortos por bandidos. Um dos PMs ainda apanhou muito. Todos estão assustados com esta onda de violência”, comenta.
Internada no hospital há dois dias com um filho recém-nascido, a menor R. M. B. 15 anos, diz estar ansiosa para receber alta. “A gente escuta muita conversa sobre esses bandidos que estão atacando os pacientes no hospital, Quero logo voltar para casa”.
A gari Maria Fátima Silva da Costa, 30 anos, acompanha uma amiga que está internada no hospital há três dias. Segundo ela, os pacientes estão em pânico, muitos não conseguem dormir direito.
“Minha preocupação não é somente aqui no hospital. A gente não pode mais andar sossegada nas ruas da nossa cidade. Quase todo o dia ouvimos notícias de assaltos e mortes. Isso é um absurdo. As autoridades precisam tomar providências”, clama.
Onésia Nascimento de Freitas, 23 anos, não fala e nem escuta. Ela está internada no João Câncio Fernandes desde a última segunda-feira, quando deu a luz a uma criança. A cunhada de Onésia, Valnísia Ferreira Monteiro, 37 anos, diz que está apreensiva com as notícias que ouve sobre os assaltos que vêm ocorrendo no hospital.
“Tudo o que eu quero é receber alta para levar minha cunhada e meu sobrinho para casa. Estamos com medo”, revela.
fonte www.contilnetnoticias.com