Família de criança com doença sem diagnóstico faz campanha na web

Isabela Oliveira, de 2 anos, não fala nem anda. (Foto: Rayssa Natani/ G1)
O sorriso de Isabela Oliveira, de 2 anos, deixa quase imperceptíveis os problemas enfrentados pela criança, natural de Rio Branco. Desde os 10 meses, a mãe, Maria Alderlene Oliveira e o pai Carlos Augusto buscam descobrir os reais motivos que impedem a filha de se locomover e brincar como outras meninas da mesma idade
Mesmo após ser avaliada por vários médicos no Acre e ser submetida a uma bateria de exames, Isabela, que não anda nem fala, não recebeu diagnóstico algum. "Tudo o que eu quero é saber o que ela tem para poder tratá-la de forma adequada. Sinto que quanto mais o tempo passa, menos chance temos", diz a mãe.
Sem ter coragem de deixar a filha sob os cuidados de outras pessoas, a mãe dedica quase todo o tempo à criança e não pode trabalhar fora. Por este motivo, ela tenta reivindicar junto ao INSS um benefício que possa auxiliar nas despesas da casa e no tratamento de Isabela. "Para isso, preciso apresentar um laudo que comprove a doença da minha filha. Mas o próprio médico me questiona: 'Como dar um laudo se não sei o que ela tem?'"
A menina tem dificuldade até mesmo para segurar objetos e mastigar. Por conta disso, toda a alimentação ingerida por ela deve ser líquida. O último profissional a avaliar Isabela, um neoropediatra que atende na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), requisitou a Eletroneuromiografia.
Segundo o neurologista Heitor Felipe Lima, o exame é capaz de apontar problemas no funcionamento dos nervos e músculos. "Existem maneiras diferentes de disfunção. Muitas dessas doenças que afetam a fala e o andar na criança também afetam nervos e músculos. Então, este exame traz informações muito úteis para o clínico que está investigando", explica.
Para toda a família, surge uma nova esperança. Mas para os pais que sustentam a casa com o salário de pedreiro de Carlos e de vendedora de cosméticos de Maria, custear o exame não seria fácil. "Temos que viajar para fazer essa avaliação em Porto Velho (RO). Organizamos uma rifa para ajudar nos gastos com as passagens, estadia e o próprio exame na cidade", comenta Alderlene.
A campanha de divulgação da rifa ganhou força nas redes sociais. Surpresa, a mãe de Isabela diz que já recebeu doações de desconhecidos em sua conta bancária. "As pessoas vêm até mim no Facebook e perguntam o número da minha conta. Já cheguei a encontrar dinheiro nela e não saber de quem vinha. Outros amigos me ajudam a vender a rifa. E assim, graças a Deus, temos conseguido", ressalta.
Isabela Oliveira (Foto: Rayssa Natani/ G1)  
Durante a gravidez de Isabela, Maria diz que passou por algumas complicações. "Tive muito sangramento, então achei que algo estava errado", comenta. Ela diz que o pré-natal não identificou nenhum problema com a criança, mas acredita que o parto, realizado em um hospital de Rio Branco, demorou para ser feito.
"Eu fiquei 12 horas sentindo dor", conta. A equipe médica esperava que Isabela nasceria de parto normal, como o primeiro filho de Maria. Até que o obstetra alertou para a necessidade de uma cesariana com urgência. "Ele disse que a neném teria feito cocô dentro de mim".
Mas, até os nove meses de idade, a garotinha não parecia ser diferente. "Ela andava no 'andajá', segurava a mamadeira e outros objetos sozinha, como um bebê normal".
Foi após ser diagnosticada com princípio de pneumonia que os pais começaram a perceber que a criança parecia ter parado de se desenvolver. "Foi como se ela tivesse parado no tempo. Ela se recuperou daquela gripe forte, mas a partir daí, não tinha mais a mesma esperteza nem força nos membros. Não conseguia mais ficar no andajá e nem mesmo segurar a mamadeira", comenta.
Aos nove meses, Isabela se sustentava em pé no andajá e segurava objetos (Foto: Rayssa Natani/G1)  
Aos nove meses, Isabela se sustentava em pé no andajá e segurava objetos (Foto: Rayssa Natani/G1)fonte g1